ato de coragem

Suplicy diz que se deitou no chão para evitar violência contra famílias despejadas

Ex-senador destacou ser 'contra a truculência inaceitável da PM, especialmente da Tropa de Choque, na desocupação de área ocupadas'

Zanone Fraissat/Folhapress

Suplicy disse considerar inaceitável a violência da PM em ações de reintegração de posse

São Paulo – O ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi liberado no início da tarde de hoje (25) do 75º Distrito Policial, no Jardim Arpoador, na zona oeste da capital paulista, para onde foi levado pela Polícia Militar. Suplicy foi acusado de obstrução da Justiça e desobediência, por deitar-se no chão para impedir o avanço da Tropa de Choque contra famílias que estavam sendo despejadas. “A hora que vi um grupo de PM avançando com escudos, e atrás vinha uma retroescavadeira, e do outro lado os moradores, temi que pudesse acontecer uma cena de violência quase incontrolável e pensei ‘vou me sentar aqui para evitar qualquer violência’”, afirmou.

Após deitar-se no chão junto com moradores da ocupação Terra Pelada, no Jardim Raposo Tavares, Suplicy foi carregado por quatro policiais que o colocaram em uma viatura e o levaram.

Cerca de 450 famílias vivem no local há três anos e dizem não ter para onde ir. O ex-senador destacou ser “contra a truculência inaceitável da PM, especialmente da Tropa de Choque, na desocupação de área ocupadas” e foi ao local para tentar negociar em prol das famílias.

Antes, a Tropa de Choque já havia usado bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os moradores da comunidade, que protestaram durante toda a manhã contra o despejo, lançando pedras contra os policiais e queimando madeira e pneus. Outras duas pessoas também foram detidas. O processo de reintegração já foi encerrado, e todos os barracos foram derrubados.

A área é de propriedade da prefeitura de São Paulo, que alega ter solicitado a reintegração de posse porque o local oferece risco aos moradores, por ser um barranco. A administração municipal informou que os moradores foram cadastrados em programas habitacionais e vão receber auxílio-aluguel.

A autorização para o despejo foi concedida pela 9ª Câmara de Direito Público do tribunal de Justiça de São Paulo. Segundo a decisão, que determinou a reintegração de posse, o local apresenta alto risco de deslizamento, por ser região de encostas.

“A Defesa Civil do município estudou a possibilidade de retirar apenas parte dos barracos, mas concluiu que isso colocaria os demais barracos em risco, por causa da fragilidade estrutural do conjunto. A reintegração de posse é uma determinação judicial e os moradores foram avisados previamente sobre a desocupação”, informou a prefeitura, em nota.

A executiva paulista do PT repudiou a ação da PM e destacou que Suplicy fez o que o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) deveria fazer. “Lutar para que a população tenha moradia digna”, afirma, em nota. “Suplicy fez o que o Governo do Estado deveria fazer: lutar para que a população tenha moradia digna. Não é a primeira vez e, se depender de Alckmin, pelo jeito não será a última que a PM não mede as consequências e age com truculência diante de lutas sociais”, diz documento da direção partidária.