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Passe Livre diz que PM se prepara para repetir repressão de junho de 2013

Polícia Militar informou que atuará com 800 agentes e vai revistar todas as pessoas que se aproximarem do ato. Para o movimento, objetivo do anúncio é intimidar a mobilização

Ale Vianna/Brazil Photo Press/Folhapress

Violência policial marcou o ato contra o aumento das tarifas de 13 de junho de 2013, com centenas de feridos e detidos

São Paulo – O Movimento Passe Livre emitiu nota pública na noite de ontem (7) em que avalia que a Polícia Militar (PM) paulista se prepara para repetir o dia 13 de junho de 2013, quando os policiais reprimiram violentamente o terceiro ato contra o aumento da tarifa, ferindo e prendendo centenas de pessoas, o que levou ao aumento dos participantes e intensificação dos protestos na época.

Ontem a tarde, a PM realizou uma “reunião de planejamento” em que informou que terá efetivo de 800 policiais, vai revistar todas as pessoas que se aproximarem do local do ato e poderá utilizar balas de borracha “caso necessário”.

“A polícia militar mostra o que parece ser seu único diálogo possível com os movimentos sociais: a repressão e a intimidação”, diz um trecho da nota. O MPL ainda alega que foi convidado para a reunião através de um sistema de contato dentro do site do movimento, não tendo sido procurado diretamente pelo comando da PM.

A PM informou que pretende utilizar o “envelopamento” durante o protesto, tática que consiste em colocar filas de agentes de ambos os lados da marcha para separá-la das pessoas que estejam apenas circulando na região. Dessa forma, garantimos a separação entre a manifestação e as pessoas que passam pela via e temos o controle da ordem pública”, afirmou o comandante da operação, major Larry de Almeida Saraiva.

Segundo o “convite” feito ao Passe Livre, tudo isso tem por objetivo “garantir os direitos constitucionais e preservar a ordem pública”.

Por que a polícia militar precisa de um efetivo tão grande e de ameaças lançadas de antemão para garantir o direito à livre manifestação. Ao contrário do que a polícia deseja, a Constituição autoriza a realização de manifestações públicas e ponto, não estabelecendo necessidade de ‘liderança’ ou ‘reunião de planejamento’. O que precisamos fazer é o contrário: discutir a doutrina de uso da força da polícia, para garantir o livre direito de manifestação e de imprensa”, defendeu o movimento.

O Passe Livre informou também que o trajeto do ato será decidido em assembleia, a partir das 17h de sexta-feira (9), uma hora antes do início da manifestação. O que tornaria inútil o encontro de ontem, pautado justamente em definir o roteiro do ato.

Assim, o MPL não vê sentido em comparecer a uma reunião para ‘definir as diretrizes do ato’ com uma instituição que se prepara para reprimir uma manifestação legítima antes mesmo que ela aconteça”, conclui o movimento.