Pesquisa analisa temática do racismo na cobertura jornalística

Brasília – Na próxima quarta (20), o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e a Andi – Comunicação e Direitos lançam a pesquisa “Parlamento e Racismo na Mídia”. O estudo aponta […]

Brasília – Na próxima quarta (20), o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e a Andi – Comunicação e Direitos lançam a pesquisa “Parlamento e Racismo na Mídia”. O estudo aponta as tendências da cobertura de 45 jornais do país sobre a problemática do racismo, no período de 2007 e 2010. Para Eliana Graça, assessora política do Inesc, o debate e seus contrapontos precisam ser melhor colocados pela mídia: “Muitos jornais só reproduzem informações e coisas opinativas. Para quem não conhece o assunto, é difícil descobrir que existe uma polemica sobre o tema. A mídia e fundamental para fomentar o debate de uma maneira mais completa, com mais informações, não só opinião.”
 
Segundo Eliana, o Inesc já possuía um trabalho sobre a relação de Parlamentares em relação a setores da sociedade sub-representados no Legislativo. Em parceria com a Andi, que possuía banco de dados sobre o racismo, o questionário da pesquisa foi elaborado. : “A partir disso, tivemos a ideia de ver como essa questão da sub-representação é refletida na mídia e como os parlamentares tratam o assunto.” Segundo o documento “O Processo de Aprovação do Estatuto da Igualdade Racial”, publicado pelo Inesc em 2010, apenas 8% dos parlamentares brasileiros se auto-declaram negros. À época, 50,74% da população brasileira se declarou parda ou negra, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
De acordo com Suzana Varjão, gerente de qualificação da Andi, a pesquisa analisa em que jornais a temática do racismo está mais presente, discutida a partir do Senado e da Câmara. A análise é feita a partir de parâmetros qualitativos e quantitativos. “Vimos que são os jornais que vem puxando mais a temática do racismo, como o jornal ‘ A Tarde’ (BA). Mas há jornais em que o racismo praticamente não aparece, caso de ‘A Crítica’ (AM) e ‘Gazeta’ (AC).” Sob o aspecto qualitativo, o parâmetro utilizado é a profundidade da cobertura. “Analisamos a qualidade técnica, o que não significa dizer que o discurso ideológico seja favorável ao enfrentamento do racismo”, diz Suzana.
 
Para ela, os espaços destinados ao assunto também mostram a importância dada pelas publicações à temática do racismo: “Dedicar mais editoriais e artigos assinados mostra que aquele assunto é importante para o jornal.”  Segundo ela, o racismo esteve presente em 32% de todo o conteúdo noticioso analisado, sendo mais presente que temas como a violência física.
 
Suzana Varjão diz que, na pesquisa, foram identificados blocos heterogêneos na cobertura dispensada ao racismo. “O tema é debatido de modo segmentado. Há jornais não favoráveis ao enfrentamento do racismo e outros contribuindo para superação do problema no país. O jornalismo pode contribuir atuando com o máximo de pluralidade e transparência possível.”
 
O lançamento da pesquisa acontece na manhã dessa quarta (20), na Câmara dos Deputados em Brasília. Na ocasião, haverá um debate que reunirá José Antônio Moroni (Inesc), Veet Vivarta (Andi), Cleidiana Ramos, jornalista do jornal A Tarde, e o deputado Luiz Alberto (PT/BA), presidente da Frente Parlamentar Mista pela Igualdade Racial e em Defesa dos Quilombolas.

Serviço:
Lançamento da pesquisa “Parlamento e Racismo na Mídia”
Local: Restaurante do Anexo IV da Câmara dos Deputados, 10º andar
Data: 20/03
Horário: 8h30
Entrada: Gratuita