Roda, roda e vira

Portugal e Estados Unidos fecham segunda rodada com empate dramático

Aos 50 minutos do segundo tempo, lusos impedem virada yankee que os desclassificaria. Rodada garantiu vaga da Bélgica e pôs lenha na disputa entre Argélia e Rússia

JEON HEON-KYUN/EFE

No segundo gol dos Estados Unidos, parecia que tudo estava perdido para os lusos, até Cristiano Ronaldo mostrar por que é o melhor do mundo

Fechando a segunda rodada da Copa, as expectativas foram confirmadas nas partidas deste domingo. Mas se confirmaram só nos resultados, certamente não na elasticidade dos placares e na dramaticidade das partidas. Venceram os favoritos, mas talvez pudéssemos esperar que a forte Bélgica não tivesse tanta dificuldade para superar a Rússia e que Argélia e Coreia do Sul fariam menos gols.

O empate de Portugal e Estados Unidos era sem dúvida uma possibilidade a se esperar, numa partida equilibrada entre duas equipes de qualidade. A presumível superioridade lusitana estava abatida em função de um déficit de preparo físico, que quase pôs tudo a perder. Mas o melhor do mundo Cristiano Ronaldo achou o caminho que salvou Portugal da humilhação de uma desclassificação precoce.

Vamos para a última rodada de todos os grupos com fortes emoções em vista. Argélia e Rússia terão que mostrar todo o seu arsenal na próxima quinta-feira, num mata-mata antecipado. E Portugal jogará tudo contra Gana, que também sonha com a classificação depois de seu empate com a poderosa a Alemanha. Ambos, no entanto, dependem de os germânicos quererem vencer Estados Unidos, pois na outra partida do grupo os dois oponentes estão apenas pelo empate. Vão dar uma de compadres? Duvidamos.

 

Portugal 2 x 2 Estados Unidos

Só a vitória interessava, e Portugal foi atrás. Estados Unidos fixou a defesa em duas linhas para segurar o ímpeto dos gajos e tentar devolver um contra-ataque estilingue, pois tem jogadores muito rápidos na corrida, e o bom Dempsey para articular e chutar.

Ora pois, aos 4 minutos o craque Cristiano Ronaldo deu um roda-roda-vira que enfileirou uns quatro no meio campo, e tocou. A jogada em si não deu em nada, mas deu uma desnorteada nos gringos, pois na sequência André Almeida chutou para dentro da área, o zagueiro Cameron deu uma furada antológica, e sobrou fácil para Nani, que fez a paradinha, o goleiro Howard caiu, e o luso completou com segurança.

Mas não é à toa que estão saindo tantos gols nessa Copa. Mesmo quando marcam forte, as equipes não estão abdicando de jogar. E os dois times armaram esquemas fortes de marcação, avançando para pegar a saída de jogo, mas também tentando fechar quando o adversário chega ao ataque. Jogando assim, times que atacam com velocidade como os Estados Unidos acham mais espaço e criam oportunidades.

E de fato foram os yankees que chegaram ao ataque com mais frequência. Cristiano Ronaldo estava visivelmente mal condicionado fisicamente, talvez sentindo a tendinite no joelho que o tem atormentado, e tinha muita dificuldade de se recuperar das subidas para o ataque.

O calor estava pegando forte, no início de noite em Manaus. O árbitro teve até que fazer uma parada técnica para o pessoal se hidratar no final do primeiro tempo (aos 39 minutos, a cinco do intervalo regulamentar).

O refresco funcionou. No primeiro contra-ataque, CR7 deu uma invertida para Nani bater de longe e em seguida, tomar a falta. Bola para o gajo, que não bateu bem. Pouco depois, nova pancada de Nani carimbou a trave, e Éder tentou pegar o rebote, mas o goleiro Howard conseguiu se recuperar e desviar.

Segundo tempo retoma com intensidade. Com 9 minutos, Estados Unidos tiveram uma grande chance a partir de uma rápida abertura pela direita com Johnson, ele cruzou e o goleiro Beto deixou passar, a bola sobrou com o gol aberto para Bradley que chutou fraco e o zagueiro Ricardo Costa salvou na linha do gol.

Partida segue como um jogo de xadrez, times procurando o caminho. Aos 20 minutos, Jones limpa de longe e manda um petardo com curva no cantinho do gol de Beto, que ficou paralisado, olhando. Golaço.

Era o que os Estados Unidos precisavam, pois sua equipe ganha com sobra no condicionamento físico. Se o ataque de Portugal é respeitável, a correria no calor amazônico favorece a estratégia do técnico Klinsmann de usar a velocidade de seu contragolpe.

Portugal vai pro sacrifício. Jogo fica dramático. Os lusos marcam pressão, controlam totalmente a posse de bola e tentam pela direita com Nani e pelo meio com Éder. Mas o corpo não responde: Cristiano Ronaldo fica impedido com frequência.

E parecia mesmo escrito que o bourbon iria superar a bagaceira. Num bate-rebate a bola sobrou para Dempsey livre, na cara do gol, empurrar pra dentro. Os barões assinalados claramente sentiram o golpe.

Mas quem tem craque…

A vaca estava a rumar ao terreno pantanoso quando, aos 50 minutos, Cristiano Ronaldo achou um cruzamento perfeito e Varela completou de cabeça.

Empate épico. Jogaço de bola. Que Copa!