Difícil...

Brasil sem Neymar: há esperança?

Acusada de 'neymar-dependência', seleção se vê obrigada a jogar sem seu maior craque na reta final. O abacaxi é do Felipão, mas demos algumas ideias

Kai Försterling/EFE

“E agora?”, pergunta Marcelo frente à lesão do craque do time. A resposta já sai das mãos dos médicos e recai sobre Felipão

Este texto deveria ser sobre a evolução tática que o Brasil demonstrou no primeiro tempo contra a Colômbia, ou sobre os problemas que demonstrou na segunda etapa, quando cedeu terreno para o adversário e arriscou-se a levar o empate. Mas a cruel contusão de Neymar muda todo o foco da noite e da preparação brasileira para as duas partidas restantes do Brasil.

Não é segredo para ninguém que Neymar é o craque maior da seleção – e um dos principais da Copa. Estando disponível, é muito difícil imaginar um sistema de jogo que não dependa dele, por conta do imenso degrau que o separa dos companheiros de ataque – especialmente com a fase questionável de Oscar e a indubitavelmente ruim de Fred. Mas uma vez que o craque está fora, cabe a Felipão encontrar saídas.

Comecemos pelo esquema do jogo de hoje, que levou à melhor partida da seleção na Copa até aqui. Felipão mexeu no time buscando tapar o buraco no meio de campo visto nas partidas anteriores e escancarado contra o Chile. Para isso, tomou uma medida óbvia e outra nem tanto: recuou Oscar para atuar na linha dos meias, pouco à frente de Paulinho e revezando com este em vários momentos, e caindo mais para o lado direito; e, aqui o inesperado, posicionou Hulk quase da mesma forma pela esquerda, deixando Neymar solto no ataque junto com Fred.

Junto com as boas atuações de Paulinho e Fernandinho (deixando de lado o grande número de faltas cometidas por este), o esquema ganhou o meio de campo para o Brasil, marcou o setor criativo da Colômbia e proporcionou controle da bola pela primeira vez na Copa. Além disso, facilitou a saída de bola, com os camisas 5, 8 e 11 voltando para pegar a Brazuca com os zagueiros, e criou um caminho interessante pela esquerda, com Marcelo, Hulk e Neymar articulando boas jogadas.

Partindo daí, é possível imaginar um dos meias do banco (Ramires ou William) entrando na posição de Hulk ou Oscar, com o outro sendo adiantado para jogar mais perto de Fred. Mas a perda de qualidade é enorme, especialmente no poder de conclusão. Basta ver os chutes de esquerda de Hulk na partida de hoje para começar a sentir falta da precisão de Neymar – e olhe ainda que o camisa 7 foi quem mais chutou, sendo difícil lembrar de uma mísera finalização de Fred ou Oscar.

Por outro lado, a solução, um improviso dentro do improviso que foi a armação do time hoje, pode dar mais qualidade no passe e preenchimento no meio, já que Hulk não está exatamente em sua função mais tradicional.

Mas talvez seja mais provável que Felipão opte por uma alteração mais drástica, como a opção por três zagueiros ensaiada antes das quartas de final e que acabou sendo mais ou menos utilizada no fim da partida, para segurar o avanço colombiano. Até porque, para a partida contra a Alemanha, o Brasil tem outro problema de grande gravidade com a suspensão de Thiago Silva. Dadas as circunstâncias, reforçar a defesa para a entrada de Dante pode ser uma opção atraente contra o poderoso adversário.