Depois de a imprensa passar a publicar a farra das passagens aéreas, o primeiro-secretário do Senado, Cícero Lucena (PSDB-PB), tomou uma decisão: esconder, dos cidadãos, os gastos.

O senador tucano retirou do Portal da Transparência informações detalhadas sobre passagens áreas usadas por senadores e assessores. O site publicava dados referentes a destino, companhia aérea, data e nome do passageiro. Agora, constam só o valor das passagens, o número da fatura e a empresa responsável pela compra.

Para o senador Cícero Lucena, a “idéia” é dar transparência e reduzir custos. Ele ainda anunciou  que, em maio, o senado deve instituir o chamado “cotão” para a emissão de passagens aéreas.

Na prática, a verba indenizatória de R$ 15 mil mensais passaria a contar também com a cota de passagem, entre R$ 6 mil e R$ 23 mil. O valor varia conforme a bancada, considerando-se a diferença de preço de passagens de estados mais distantes e mais próximos de Brasília.

Com a “idéia” do tucano, os senadores terão até R$ 38 mil de “cotão” e vão poder comprar seus bilhetes. Se deixarem de usar todo o dinheiro em um mês, vão poder acumular crédito para alugar ou abastecer aviões particulares.

Histórico

Cícero Lucena (PSDB-PB), autor da idéia de esconder gastos, administra orçamento superior a R$ 3,5 bilhões anuais. Quando esteve à frente da prefeitura de João Pessoa, foi acusado de fraudes em licitações, superfaturamento, alterações no contrato de obras etc. Por isso, chegou a ser preso quando foi deflagrada a Operação Confraria, da Polícia Federal, em 2005.

Por isso, responde a duas ações no Supremo Tribunal Federal. O inquérito 2.527 está na pauta para ser julgado nas próximas semanas. A ação penal 493 deve ser apreciada no segundo semestre. A defesa do senador, que alega inocência, sustenta que ele quer ver tudo julgado logo para se livrar das acusações.

O inquérito trata apenas de um dos contratos firmados na época em que Cícero era prefeito da capital paraibana. A denúncia aponta fraudes a licitações e desvio de verbas públicas federais por superfaturamento de serviços, obras e materiais.

Na operação de 2005, a PF investigou um esquema de licitações irregulares e desvio de verbas da prefeitura de João Pessoa em obras que recebiam repasse do orçamento da União.

Este é Cícero Lucena, que agora esconde, dos cidadãos brasileiros, o que e como estão sendo usados parte dos R$ 3,5 bilhões anuais dos cofres públicos que estão em suas mãos.

* Helena Sthephanowitz™ é jornalista e autora do blog Os Amigos do Presidente Lula e do Os Amigos do Brasil. Ela escreve no Na Rede, da Rede Brasil Atual.