O capeta está nu

CPI da Covid: os primeiros testemunhos e o desprezo de Bolsonaro pela vida

Primeiros depoimentos à CPI já mostram a conexão do presidente com tragédia que vitimou 415 mil brasileiros e brasileiras

Marcos Correa/PR
Marcos Correa/PR

Os depoimentos dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich à CPI da Covid no Senado Federal, deixaram bastante clara a posição de desprezo de Jair Bolsonaro em relação à vida… dos outros. Pouco lhe importa se milhares de famílias perderam e seguirão perdendo pessoas queridas, se milhares de filhos ficaram ou ficarão órfãos, se outros milhares perderam ou perderão seus filhos, subvertendo a ordem natural. Sob a coordenação do seu filho 02, vereador no Rio de Janeiro com presença frequente em reuniões no Palácio do Planalto, Bolsonaro montou uma coordenação paralela para o enfrentamento à pandemia. A base teórica dos seus mentores funda-se na negação da ciência.


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Seguindo a orientação desse grupo de “notáveis”, Bolsonaro estimula aglomerações e o não uso de máscara Brasil afora. Além disso, indica tratamentos absolutamente ineficazes – como aqueles trambiqueiros que vendiam Coca-Cola como remédio no Velho Oeste americano – pressionando por um chamado tratamento precoce que já está gerando sequelas graves em milhares de pessoas. Chegaram ainda, segundo o ex-ministro, que falava sob juramento à CPI, a redigir minuta de decreto para mudar a bula da cloroquina. E assim poder justificar a defesa criminosa que Bolsonaro fazia do seu uso.


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E foi nessa toada que Bolsonaro questionou as vacinas. Que decidiu não comprar um imunizante ainda no ano passado quando lhe foi oferecido pelo fabricante. O mesmo fabricante que agora o governo negocia a compra. Essa medida, e apenas essa medida, já seria suficiente para o impedimento do genocida. Estudos mostram a redução considerável do número de mortes entre aqueles que receberam a vacina. Aquela mesma que Bolsonaro criticava em tom jocoso. Imaginemos quantas e quantas vidas teriam sido salvas se a vacinação no Brasil tivesse começado antes. E só não começou porque Bolsonaro, ao desdenhar da doença e de tratamentos sérios, se recusou a comprar as vacinas.


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Portanto, a conclusão da CPI da Covid não pode ser outra que não seja responsabilizar criminalmente Bolsonaro. Isso porque conduziu o enfrentamento à pandemia como quem brinca em um churrasco com seus filhos na mansão de R$ 6 milhões, de compra muito mal explicada, de seu filho senador. O primeiro depoimento à CPI já mostrou a intimidade do presidente com essa tragédia que levou mais de 400 mil brasileiros e brasileiras.

Luiz Marinho