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Carlos Bolsonaro e Paulo Guedes devem ser convocados pela CPI da Covid

Segundo Mandetta, o filho do presidente e o ministro da Economia influenciavam Bolsonaro contra a adoção de medidas de distanciamento social

Reprodução/Instagram
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O filho do presidente, Carlos Bolsonaro, está sempre no Planalto participando de reuniões e dando seus palpites

São Paulo – O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, afirmou nesta terça-feira (4) que é “inevitável” a convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele foi classificado como “desonesto intelectual” pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, ao sugerir ter garantido verbas para a compra de vacinas quando estas ainda nem existiam. Outro que deve ser chamado a prestar explicações é o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Repúblicanos). Além de Randolfe, o senador Humberto Costa também deve apresentar requerimento para convocar o filho do presidente.

Segundo Mandetta, Carlos participava de reuniões e influenciava na tomada de decisões sobre questões relativas a medidas de distanciamento social e o uso de medicamentos no combate à covid-19.

De acordo com o cientista político Cláudio Couto, professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), a atuação do filho do presidente é exemplo do “familismo” e da falta de republicanismo que permeia o governo Bolsonaro.

Sobre o ministro da Economia, Couto afirma que Guedes “mais atrapalhou do que ajudou” nos esforços de combate à pandemia. Serviu como mais um “elemento desestabilizador” de um governo já bastante instável. Além disso, Mandetta chegou a suspeitar que Guedes influenciava Bolsonaro contra as medidas de distanciamento social necessárias para enfrentar a crise sanitária.

“Se depois de conversar com Guedes, o presidente ficava ainda menos propenso a tomar as medidas corretas, a coisa é muito grave”, disse Couto, em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual desta quarta-feira (5). “Além das questões da saúde, a CPI vai mostrando outras facetas podres e problemas graves do governo Bolsonaro”, acrescentou.

Pazuello foge da batalha

O ex-ministro Eduardo Pazuello, que deveria ter sido ouvido ontem pela CPI, adiou o seu depoimento. O general alegou que teve contato com dois oficiais que teriam sido contaminados pela covid-19, e que, portanto, deveria permanecer em quarentena. Dias antes, ele foi flagrado sem máscara num shopping de Manaus.

Para Couto, no entanto, a justificativa apresentada por Pazuello revela que ele está “morrendo de medo” de comparecer à CPI. “Deveria ter mostrado um atestado de desarranjo intestinal”, ironizou o cientista político. Ele também questionou se o ex-ministro não teria entrado em contato com os dois contaminados quando foi às compras em 26 de abril, quando foi flagrado andando sem máscara em um shopping de Manaus. O que colocaria em risco os demais frequentadores do centro comercial. “Ou seja, Pazuello está mostrando que é um general covarde, medroso e que foge à luta”, disse Couto.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira


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