São Paulo – O churrasco em protesto contra o cancelamento de uma estação de metrô em São Paulo (supostamente por pressão de uma associação de moradores), marcado para o sábado (14), em frente ao shopping Higienópolis, na capital paulista, foi suspenso na tarde desta quinta-feira (12). Um dos organizadores, Danilo Saraiva, demonstrou preocupação com a repercussão do ato, que mobilizou mais de 45 mil pessoas em menos de 24 horas.

O convite para o protesto surgiu na internet esta semana, após anúncio de que a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) teria mudado o local de uma de suas estações, no bairro de Higienópolis, região central da capital paulista, por pressão de moradores da região. O nome do churrasco é uma alusão à manifestação de uma moradora do local, em agosto de 2010. Contrária à obra, a moradora disse à reportagem do jornal Folha de S. Paulo que ao redor das estações de metrô há “drogados, mendigos, uma gente diferenciada”.

Segundo Danilo, a falta de espaço no local para abrigar as pessoas que se mobilizaram e o temor de que haja uso de violência física contra manifestantes levou a tomar a decisão de suspender a ação. No Facebook, ele relatou que “a Polícia Militar e a CET mostraram preocupação, uma vez que a avenida Higienópolis, onde o evento seria realizado, é muito estreita e mesmo que nos seja assegurado o livre direito de nos manifestar, ainda não podemos obstruir vias públicas e tampouco nos responsabilizar pelas atitudes de manifestantes mal-intencionados, que por vezes vão ao evento apenas com intuito de depreciar a propriedade pública e privada…”.

“Seria quase certo o uso de violência física contra os manifestantes, e arcando com essa possibilidade não podemos deixar que ninguém saia ferido por conta de uma brincadeira”, completa. Danilo prevê um novo ato, ainda no sábado, voltado “aos mais necessitados” com doações de roupas e alimentos. A nova atividade pode acontecer às 14 horas, com concentração na praça Villaboim. “… Ao invés de uma festa, arrecadar agasalhos e alimentos durante a manifestação, mas para isso ainda precisaremos fechar um acordo com ONGs que se interessem pelo material arrecadado”, publicou.

Na internet, novos articuladores já se propõem a assumir a autoria do evento e a manter o “churrascão de gene diferenciada” no mesmo local.

Investigação

Nesta quinta, o Ministério Público de São Paulo pediu ao Metrô e à Secretaria de Transportes Metropolitanos informações sobre as mudanças na Linha 6-Laranja. “Se a decisão for realmente técnica, o processo será arquivado. Mas se a decisão foi feita por pressão de um grupo de moradores, iremos discutir as razões”, afirmou o promotor Antônio Ribeiro Lopes.