Aécio presidente: desastrosa campanha eleitoral no Senado

Aécio durante seu discurso nesta quarta (6), no Senado (Foto: José Cruz/ABr) Depois de passar mais de dois meses no baixo clero do Senado, o senador tucano Aécio Neves (PSDB/MG) […]

Aécio durante seu discurso nesta quarta (6), no Senado (Foto: José Cruz/ABr)

Depois de passar mais de dois meses no baixo clero do Senado, o senador tucano Aécio Neves (PSDB/MG) havia prometido fazer um pronunciamento de impacto para “dar rumo à oposição”.

Nesta quarta-feira (6), Aécio subiu  na tribuna do Senado e o rumo que deu à oposição foi uma marcha à ré ao passado. O destaque do discurso foi um desastre: elogiar FHC, a privataria e José Serra, que foi pessoalmente assistir ao discurso, e marcar sob pressão.

As críticas que fez ao governo federal pareceram as de um deputado estadual discursando na Assembleia Legislativa de Minas Gerais contra o governador mineiro cobrar 30% do ICMS na conta de luz, por cobrar o IPVA mais caro do Brasil, e prestar mau serviço público à população, gastando o dinheiro público com a construção de palácios de governo.

O discurso foi tão desastroso que a senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR), a primeira a apartear, em poucas palavras demoliu os argumentos do demo-tucano contra o governo Lula e o PT, levando-o a “nocaute”. A senadora restabeleceu  a verdade histórica do péssimo legado deixado por FHC na privataria, com empresas de alto valor entregues a preço de banana, e ainda lembrou que quem se envergonhava da privataria eram os tucanos, pois nas campanhas eleitorais, escondiam o tema.Serra assiste à discurso de Aécio no Senado (Foto: José Cruz/ABr)

Um dos desastres do discurso do tucano foi defender o indefensável: reclamar do governo Dilma agir para que a mineradora Vale seja lucrativa e próspera, mas que também atenda aos interesses nacionais.

O mais grave, no caso de Aécio, é que a Vale está brigando na justiça para não pagar R$ 4 bilhões de royalties sobre mineração, grande parte justamente ao estado de Minas. Qualquer Senador mineiro tem o dever de defender seu estado e seu povo, e não agir como lobista da empresa, tomando as dores de seus acionistas privados.

Outro desastre foi insinuar uma má herança econômica do governo Lula para Dilma, justamente um dia após a Agência Fitch Ratings elevar a classificação do Brasil, o que é atestado de que a economia vai muito bem, havendo apenas ajustes naturais que sempre tem que serem feitos, de acordo com o momento e as circunstâncias. Indicadores, como geração de empregos, também constatam que o país vai muito bem, em condições de enfrentar os desafios que se impõe a cada avanço que conquista. Por fim a ótima avaliação popular do governo Dilma, em apenas 3 meses, reflete a boa herança recebida aliada à postura da presidenta de continuar no mesmo rumo, aprofundando e inovando as boas políticas que já haviam começado ou esperavam as condições oportunas para começar.

O senador Lindbergh Farias (PT/RJ) também fez um bom aparte, colocando Aécio, lembrando dos excelentes números da economia brasileira, e do abuso das leis delegadas, inclusive para criar cargos, coisa que o senador fez, quando governador de MG.

Os demais senadores da base governista (até onde vi) defenderam o governo de Dilma e de Lula, mas erraram no tom. Elogiaram além da conta e foram condescendentes demais com a oposição. Ficaram muito próximos de morder a isca e caírem na armadilha de elogiar o desgoverno de FHC.

A imprensa  irá cobrir Aécio de falsos elogios, diante de um desempenho pífio e um discurso perto do desastroso politicamente. Tanto melhor. Quanto mais inflarem uma liderança artificial que não existe, quanto mais vincularem Aécio a FHC e Serra, e quanto mais colocarem-no como anti-Lula, mais empurram ele em direção ao cadafalso. Já fizeram isso com Serra antes de 2010, diante de todos os desastres que ele cometia. Deu no que deu.