Obama: o buraco é mais em cima

Obama esteve na Casa dos Representantes em fevereiro de 2009. Após eleições, novos desafios para governar sem maioria no Senado (Foto: Pete Souza/Casa Branca Divulgação) O resultado da eleição “de […]

Obama esteve na Casa dos Representantes em fevereiro de 2009. Após eleições, novos desafios para governar sem maioria no Senado (Foto: Pete Souza/Casa Branca Divulgação)

O resultado da eleição “de meio mandato” nos Estados Unidos tornou moda falar mal de Obama e seu desempenho. Para parte da esquerda, sobe aquele tom: eu não disse? Nos EUA nada adianta, é tudo igual, etc. À direita, sobe um tom de alívio: ufa, a onda “estatizante” vai acabar, voltamos à ofensiva, vamos inclusive liberar os ricos dos cruéis impostos que o “estatismo” que impor, etc.

Mas pela imprensa afora, há uma série de análises mais sofisticadas que correm pelas páginas.

Primeiro, é necessário ressaltar que, assim como Dilma Rousseff e Lula, Obama enfrentou, desde que assumiu o mandato, uma das mais odiosas e sujas campanhas de mída que já se viu nos EUA. Assim como no Brasil uma parte do nosso conservadorismo acha insuportável a combinação “operário nordestino” com “mulher ex-guerrilheira”, nos EUA a presença de um “negro estatista” na Casa Branca também é insuportável. A Fox é aberta na sua campanha feroz contra Obama. As outras, como a CNN, não fazem campanha. Mas ocultam a campanha que se faz.

Segundo, o próprio establishment democrata – que apoiava Hillary – não assimilou Obama e suas propostas. O Partido Democrata entrou dividido na eleição, e como se sabe (o Rio Grande do Sul é fonte de sabedoria nisso…) em sistema político binário quem entra dividido se trumbica, como dizia o grande Chacrinha.

Terceiro, apontam analistas sérios, por exemplo, no The Guardian e no Independent (ambos de Londres): se os Democratas entraram divididos na eleição, os republicanos saem divididos dela. O Tea Party galvanizou votos para o PR; mas tornou-se uma espinha na garganta do partido. Analistas de várias tonalidades apontam que a presença de candidatos Tea Party, que atropelaram republicanos tradicionais, nas eleições provocaram derrotas onde vitórias eram esperadas, como no caso dos cargos de governador em Nova York, senador em Delaware, e muitos outros. Atribuem até a esses tropeços do Tea Party o fato de que os republicanos não conquistaram maioria no Senado. Segundo essas análises, a admnistração da vitória pelos republicanos será mais espinhosa do que a administração da derrota pelos democratas e, sobretudo, por Obama.

Ou seja, a questão, ó inteligentes, não é apenas a economia, como apregoa recente lugar-comum citado ad nauseam. É a política. E vamos ver, assim como no Brasil, quem faz a melhor.