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Futebol: vaias, suspeitas e decisões na Europa

No campo e fora dele, últimos dias reservaram emoções em alguns dos principais cenários do planeta bola. Destaque para as denúncias contra a Fifa

Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Folhapress)

O reeleito presidente da Fifa, Joseph Blatter. Cerco a denúncias de corrupção pode estar se fechando

Este foi um fim de semana de decisões na Europa.

Na Alemanha, Dortmund e Wolfsburg decidiram a taça “Poial” em Berlim. O Dortmund é um time de porte, conhecido no continente, sendo o maior rival da hegemonia do Bayern de Munique, a quem, aliás, desclassificou na semi-final. A vitória do Borussia Dortmund sobre o Bayern foi dramática, e uma catástrofe para o Bayern. A disputa foi decidida nos pênaltis, e o Dortmund venceu por 2 x 0, depois que o Bayern desperdiçou 4 cobranças (!).

Já na final, o Dortmund era o favorito. Seus torcedores, de amarelo e preto, inundaram Berlim. Enquanto isto, os do Wolfsburg (sede da Volkswagen) faziam firgura menor, encolhida, com seus trajes verdes e brancos.

Entretanto, dentro do campo, a coisa virou. Depois de um começo fulminante, fazendo 1 x 0 aos cinco minutos do primeiro tempo, o Dortmund parece que se acomodou no seu favoritismo, enquanto o Wolfsburg cresceu, empatando o jogo aos 22 minutos com um belo gol do brasileiro Luis Gustavo.

Ao terminar a primeira metade, o Wolfsburg já vencia por 3 x 1, placar que se manteve até o final, comprovando a hipótese de que depois do “já perdemos” o pior sentimento é o “já ganhamos”… Foi a primeira vez que o Wolfsburg ganhou este torneio, complementar do campeonato por pontos da Bundesliga, vencida pelo Bayern.

Outra decisão que repercutiu no fim de semana foi o campeonato interno da FIFA, vencido mais uma vez pelo suíço Sepp Blatter, apesar dos cartões vermelhos recebidos por vários dirigentes e ex-dirigentes da entidade, expulsos do campo pela policia suíça a pedido do FBI norte-americano, acusados de vários tipos de corrupção, como fraudes, pagamento e recebimento de propinas e até extorsão.

Entre os acusados está o brasileiro José Maria Marin, que pode ficar numa figura de Al Capone, o célebre gângster norte-americano que, acusados de vários crimes, acabou condenado por sonegação fiscal na Chicago dos anos 30. Marin, sobre quem pesam acusações de colaboração ativa, ou pelo menos instigação de crimes cometidos durante a ditadura militar, como o assassinato de Vladmir Herzog, pode terminar sendo condenado por crimes contra o erário público e privado, e nos Estados Unidos.

Na repercussão da vitoria de Blatter há dois aspectos a comentar. O primeiro é que a FIFA é uma caixa-preta que há muito já deveria ter sido forçada. A cartolagem em todos os quadrantes do mundo é uma erva daninha que enlameia o jardim do futebol, para usar uma expressão algo parnasiana, mas eficaz no caso.

A outra é que de fato, como reclama Blatter, não deixa de causar espécie que este arrombamento tão esperado quanto protelado acontecesse logo às vésperas de sua reeleição, depois de uma larga insatisfação da UEFA europeia e dos Estados Unidos pela entrega de sucessivas sedes da copa do mundo a países de outras plagas geográficas, como a África do Sul, Brasil, Rússia e Qatar.

A posição da UEFA ficou constrangedora, com seus dirigentes abrindo mão de uma candidatura própria para apoiar a de um príncipe jordaniano em busca de votos no “terceiro mundo”. Pior ainda são comentários na mídia do Velho Continente, destilando um desprezo pelos “países corruptos” do terceiro mundo que garantiram a vitória de Blatter, sobretudo os africanos, e dando a entender que a “pobre e ínclita” Europa ficou isolada contra um oceano fraudulento.

Neste mundo da cartolagem universal, sabemos que o mais inocente matou a mãe para poder ir ao baile dos órfãos. Diga-se também de passagem que até o momento, a não ser por suspeitas levantadas dentro do próprio Brasil (claro, o governo era e é do PT…) ainda nada houve de concreto ou mesmo abstrato levantado nas investigações sobre a decisão da sede de 2014. Aguardemos os próximos capítulos.

Outra decisão cheia de arestas mas sem surpresas ocorreu em Barcelona, na Taça do Rei, com a final disputada em Barcelona entre o Barça, time da Catalunha, contra o Atlético de Bilbao, time do País Basco. Antes do jogo, num gesto nada surpreendente, já ocorrido outras vezes, o hino espanhol foi vaiado em uníssono pelas duas torcidas.

O acontecido se deu em presença do Rei Felipe IV, recém coroado depois da renúncia de seu pai, Juan Carlos, o que, naturalmente, causou maior constrangimento para as autoridades e maior prazer para os vaiantes. A vaia pode ser atribuída tanto aos movimentos tradicionalmente separatistas de ambas as regiões espanholas, quanto à crescente insatisfação com o atual governo do Partido Popular (conservador) do primeiro-ministro Mariano Rajoy. Em Bilbao, a prefeitura é de Iñaki Azkuna, do Partido Nacionalista Basco. Em Barcelona, na recente eleição, Ada Colau levou sua aliança à vitória, que inclui o novo partido de esquerda Podemos.

Já dentro do campo também não houve surpresas, com a máquina comandada por Messi, Neymar e Suarez impondo um 3 x 1 confortável sobre o Atlético, garantindo o título.

Quod erat esperandum…