A partir das 17 horas os brasileiros e o mundo terão uma visão inédita do Corcovado: o Cristo Redentor recoberto com as cores de uma bandeira estrangeira: a alemã, preto, amarelo, vermelho. Foi uma iniciativa do Consulado Geral Alemão no Rio, autorizada pelas autoridades brasileiras em todos os níveis. O evento inaugura, avant-la-lettre, os anos mútuos de Brasil e Alemanha nos respectivos países.

A data escolhida – 3 de outubro – marca o aniversário da reunificação da Alemanha, 22 anos atrás.

Uma pergunta se impõe: estão os alemães mais felizes agora do que antes?

A resposta não é simples.

É claro que, em princípio, estão. O nazismo alemão foi um dos grandes vilões do século XX. Depois da guerra, a Alemanha ficou décadas dividida e ocupada militarmente.

Saiu desta condição humilhante para ser a grande potência econômica da Europa no século XXI, um país democrático, onde hoje, apesar dos grupos neonazis, uma aventura nazista é impensável.

Mas…

Pois é, há os mas. O Ocidente é mais rico, o Leste, mais pobre. No Ocidente, muita gente reclama do imposto que pessoas físicas e jurídicas têm de pagar para financiar o Leste. A crise do euro agravou a situação, diminuindo o coeficiente de solidariedade.

Muita gente considera que não houve uma reunificação, mas uma anexação da Alemanha Oriental pela Ocidental.

A Alemanha capitalista simplesmente engoliu a comunista.

Muito poucos alemães tem saudade do regime comunista, descrito como opressor, persecutório e pró-soviético demais.

Mas fala-se no Leste de uma “Ostalgie” – brincadeira com as palavras “Ost”, eeste, e “Nostalgie”.

Por quê? Havia pleno emprego, as políticas sociais eram muito mais amplas do que hoje… São coisas que o capitalismo tem por definição não propiciar.

Mas é claro que há o que comemorar, e deve-se assim proceder.

Por exemplo: durante a guerra, a Alemanha afundou navios brasileiros, inclusive mercantes e de passageiros, matando centenas de pessoas. O Brasil declarou guerra à Alemanha e ao Eixo, e enviou tropas que lutaram na Europa contra o Exército Nazista.

Hoje, a bandeira alemã colore o nosso Cristo, e a caipirinha virou um aperitivo nacional alemão, feito obrigatoriamente com limões importados do Brasil.

A paz sempre deve ser comemorada.