Atentado no Arizona: entre as vítimas, Sarah Palin

A congressista norte-americana Gabrielle Giffords, vítima de atentado (Foto: Reuters/Giffords for Congress/Divulgação) A líder do Movimento Tea Party, de extrema-direita, nos Estados Unidos, a política do Alaska Sarah Palin, está […]

A congressista norte-americana Gabrielle Giffords, vítima de atentado (Foto: Reuters/Giffords for Congress/Divulgação)

A líder do Movimento Tea Party, de extrema-direita, nos Estados Unidos, a política do Alaska Sarah Palin, está entre as vítimas do atentado contra a deputada Gabrielle Giffords, em Tucson, no Arizona.

O atentado, feito pelo jovem Jared Lee Loughner, de 22 anos, que vinha apresentando problemas de comportamento há alguns meses, deixou 6 mortos, entre eles uma menina de 9 anos de idade, e outros 13 feridos, além de Giffords.

A deputada está em estado grave porque a bala atravessou o seu cérebro. A equipe médica que cuida do caso está esperançosa quanto à sua sobrevivência, mas diz que ainda é cedo para saber que sequelas haverá. A bala atravessou o lado esquerdo do cérebro que, entre outras coisas, “governa” a fala e a linguagem. Porém, segundo os médicos, houve pouca perda de tecido cerebral.

O xerife Clarence Dupnik (que está completando 76 anos), encarregado do caso, denunciou o clima “ácido” (em inglês, ele falou em vitríolo) da política norte-americana, responsabilizando claramente a extrema-direita e sua retórica que estimula “o ódio e a paranoia”. A direita norte-americana quer agora crucifica-lo, apontando uma “politização” do episódio.

Mas mais gente entrou na dança. O prêmio Nobel de Economia (2008) Paul Krugman escreveu em sua coluna do New York Times que “estava esperando algo assim”, dado o clima de vendetta da extrema direita contra os democratas e contra o projeto de reforma da saúde aprovado. Veio à tona a existência de um relatório do Departamento do Interior (encarregado da segurança interna) de abril de 2009, que dizia  estar “em ascensão o extremismo de direita”. 

 No meio desse tiroteio (agora o político) está Sarah Palin. Motivo: em seu site ela colocara um mapa dos Estados Unidos com “alvos” (círculos atravessados por uma cruz) a serem “atingidos”. Entre os alvos, no Arizona, estava o nome de Gabrielle.

Para agravar o caso, o jovem assassino vinha planejando o crime há meses, de acordo com documentos encontrados em sua casa. E sua leitura preferida era “Mein Kampf”, de Adolf Hitler.

Sarah Palin está esperneando, mas seu caso é grave. Não só está sendo apontada por democratas e gente mais à esquerda como “mentora” do clima psicologicamente adverso e virulento, mas inclusive republicanos e partidários de sua possível candidatura à presidência em 2012, contra Barack Obama, se mostraram insatisfeitos com suas atitudes e reações.

Entre os republicanos tradicionais há uma certa resistência a Palin e seu grupo Tea Party, vistos como aliados no voto mas incômodos parceiros pelo seu extremismo. Quanto aos correligionários, alguns mostraram-se insatisfeitos dizendo que Palin não se saiu bem do episódio. Ela retirou o mapa do ar, mas tarde demais, porque agora ele está na internet (pode ser visto, por exemplo, no site do jornal The Guardian) e foi largamente difundido em todos os canais de TV. Além disso, ela manifestou “pesar”, enviou “condolências”, mas os críticos dizem que ela deveria ter reagido mais vigorosamente, engajando-se contra a retórica da violência.

Mas isso é difícil, para quem a usou durante tanto tempo como arma política. Sarah Palin pode tornar-se vítima de sua própria estratégia. E esperemos que, neste caso, a vítima não se recupere e as sequelas lhe sejam fatais.