PSB encolheu com projeto pessoal de Eduardo Campos

Nas eleições de 2010, partido saiu das urnas com uma bancada eleita de 35 deputados federais. Hoje bancada está reduzida a 25 parlamentares, mesmo depois da filiação do grupo de Marina Silva

Michele Souza/JC Imagem/Folhapress

Campos começou a colocar projetos pessoais acima do partido na aliança com Gilberto Kassab

O encolhimento do PSB tem muito a ver com as ambições pessoais de seu principal cacique, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ao direcionar todos os seus movimentos políticos para suas ambições pessoais de candidatar-se a presidente da República ainda em 2014, Campos acabou por prejudicar o conjunto do partido.

Os erros começaram com o apoio a retrocessos nos hábitos políticos, tais como o incentivo à infidelidade partidária, apoiando a chamada portabilidade do horário eleitoral na TV para deputados que migrassem para novas legendas. Campos acreditava que seria o principal beneficiário desde o tempo em que articulava uma união com o PSD de Gilberto Kassab. Depois insistiu em apoiar esta portabilidade casuisticamente para beneficiar o partido de Marina Silva, Rede Sustentabilidade, que acabou não sendo viabilizado a tempo de disputar as eleições do ano que vem. Como resultado da “esperteza”, hoje os novos partidos criados após 2010 serviram para esvaziar o próprio PSB e fazê-lo perder minutos no horário eleitoral gratuito, o que poderá dificultar a reeleição de alguns governadores e parlamentares do partido.

Campos continuou errando ao não apoiar de fato uma reforma política, fazendo “corpo mole”. Com o PSB há alguns anos adquirindo feições de frente partidária, que acomoda em suas fileiras oligarquias políticas regionais as mais diversas, Campos não quis se indispor com estas oligarquias acostumadas a se elegerem e reelegerem segundo as regras atuais. Preferiu dedicar-se a articulações de bastidores para angariar apoios da oligarquia Bornhausen em Santa Catarina e de Heráclito Fortes no Piauí.

Outro problema é se o Supremo Tribunal Federal confirmar a inconstitucionalidade do financiamento empresarial de campanhas. Campos sofrerá outro duro revés, pois ele passou 2013 cortejando banqueiros e grandes empresários, negociando o apoio financeiro para sua campanha, em vez de ouvir a voz das ruas e apoiar com empenho uma reforma política que pelo menos diminuísse a influência deste poder econômico que acaba por corromper a democracia.

Para completar a escalada de erros que compromete o futuro de sua legenda, Campos jogou o PSB na condição delicada de perder sua identidade como alternativa da situação e, ao mesmo tempo, não convencer como oposição.

Até agora, as aventuras de Eduardo Campos custou ao PSB a perda de 29% de sua bancada na Câmara dos Deputados. O receio de seus partidários é que essa perda se repita nas urnas em 2014.