Bahia

PSB filia Eliana Calmon em evento para demonstrar força

Campos e Marina viajam a Salvador para reiterar peso que colocam na candidatura ao Senado da ex-corregedora da Justiça, novata em eleições e associada pelo PSB ao combate a privilégios

RedeSustentabilidade

Eliana Calmon ensaiou a manutenção do discurso que a tornou famosa: de que gosta de desafios e dificuldades

Salvador – O PSB montou um grande evento para filiar a ex-corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, ao partido em busca da disputa ao Senado pela Bahia. Na manhã de hoje (19), toda a cúpula nacional e estadual do partido, acompanhada da Rede Sustentabilidade de Marina Silva, esteve reunida em Salvador para o anúncio, que serviu para solidificar as outras candidaturas da legenda para o ano que vem.

Entre elas, estava a da senadora Lídice da Mata ao governo da Bahia, sacramentando a definitiva separação da base do governador Jaques Wagner (PT). Já o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, posou como líder do grupo e falou como candidato a presidente ao decretar que a atual aliança em torno de Dilma Rousseff “já deu o que tinha que dar”.

A filiação da magistrada foi simbólica para as pretensões do PSB na política brasileira. Para Eduardo Campos, trazer ao cenário uma pessoa sem passado eleitoral não expõe o PSB e revela o desejo da mudança que o grupo pretende oferecer no ano que vem. Segundo o governador, o momento é de discutir o avanço do Brasil para que “as poucas conquistas que tivemos” não sejam perdidas e discutir o projeto de país que a população deseja para a frente.

Ao assinar a ficha de filiação, Eliana Calmon se emocionou ao lembrar suas raízes baianas e fez um paralelo entre sua atuação na Justiça e os novos caminhos na política. Para ela, a inexperiência eleitoral é um ponto positivo, pois não deseja conhecer o modelo atual, que considera viciado.

“Quando eu trabalhava na corregedoria, no momento em que eu estava no fogo cruzado e todas as associações de magistrados estavam contra mim e chegaram a ajuizar uma ação penal contra mim, eu sempre disse: ‘Não se metam comigo, porque eu sou baiana’. E eu não poderia deixar que isso fossem só palavras. Por isto, optei por vir à Bahia para fazer uma campanha difícil, mas eu resolvi enfrentar. Porque efetivamente é aqui que eu moro, é aqui que está o meu coração.”

A missão da desembargadora é difícil frente aos candidatos adversários. O favorito para a única vaga do Senado em disputa em 2014 é o atual vice-governador, Otto Alencar (PSD). Dono de grande prestígio entre aliados, adversários e, especialmente, a população, o também secretário de Infraestrutura terá, além da própria base vasta de influência, a administração estadual para divulgar sua candidatura.

Eliana, porém, decide manter o tom de firmeza ao comentar o assunto. “A estratégia é exatamente a do novo. Nós não podemos fazer outra coisa. Não temos como enfrentar o poder econômico, currais, de forma que a nossa maneira de fazer política é a de projetos, propostas, valores e princípios. E vamos ver como o povo baiano vai responder a esta nova forma de fazer política. Eu acredito que vá responder bem, mas só mesmo depois das eleições nós vamos saber”, explicou.

Rompimento justificado

Eduardo Campos e Lídice da Mata aproveitaram para reforçar discursos de que o PSB tem direito de lançar candidaturas próprias e que o fato tem precedentes na política interna da aliança em torno de Dilma Rousseff. O governador lembrou que em 2010 o partido já tinha a intenção de ter seu próprio postulante à Presidência, mas que foi convencido a não romper com a base – na ocasião, o próprio trabalhou para forçar a desistência do ex-deputado, ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes.

Ao final do pleito de 2010, porém, revelou o pernambucano, a quantidade expressiva de votos que Marina Silva recebeu naquele ano mostrou que havia um contingente de brasileiros disposto a continuar o debate, evitando a polarização entre PT e PSDB. “Nós entendemos que, após aquela eleição, era hora da gente repactuar a aliança que havia ali, no fato de que um governo que tinha 80% de aprovação ter ido ao 2º turno. Era sinal de que havia um ‘senão’”, analisou Campos.

Já Marina repisou o argumento de que o atual modelo de governo se transformou na simples manutenção de poder eleitoral, valorizando a subversão do modelo puramente democrático de representatividade. “A democracia necessita da alternância de poder. O poder que nós temos no Brasil e na Bahia já foi minoritário. Nós construímos estas hegemonias com frentes políticas, mas a frente não pode ser liderada apenas por um partido, que pensa que pode representar a opinião de todo o povo brasileiro.”