Caso Snowden entra em nova fase, talvez a do ‘silêncio’

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EFE/EPA/PETER STEFFEN

Ato público na Alemanha pede liberdade para Edward Snowden e reação de países à espionagem pelos EUA

O caso Snowden entrou em nova fase, com sua saída do “retiro espiritual” a que estava confinado no aeroporto internacional de Moscou. Pode estar entrando agora numa fase de “silêncio obsequioso”, que era o preço que as autoridades russas queriam cobrar-lhe em troca da concessão temporária de asilo.

Vladimir Putin não quer brigas muito evidentes com os Estados Unidos, além das que já tem por causa da Síria. Melhor dizendo, ele não quer brigas com Barack Obama. Por isso mesmo, é impensável que o presidente norte-americano não soubesse e, se não deu luz verde, deve ter dado pelo menos bandeira branca, para esta decisão de Putin. Aliás, os dois tiveram uma conversa telefônica sobre o tema Snowden não faz muito tempo.

Putin não quer tampouco perder a oportunidade de posar na foto como defensor dos direitos humanos e da liberdade de expressão, além do direito de asilo. É das poucas que ele tem, com seu estilo autoritário de governar. Mas não resta dúvidas de que ele marca pontos no mundo inteiro ao conceder o asilo, mesmo que temporário por ora, ao denunciante norte-americano.

Tudo isto veio à baila num momento em que novas revelações confirmam que sim, os Estados Unidos podem escutar ou ver o que quiserem quando quiserem e onde quiserem nas comunicações mundiais, graças a esta “máquina programa” chamada de X-Keyscore. Mais: só precisam consultar o tribunal secreto (FISA) que tudo autoriza para a NSA no caso do investigado ser um cidadão norte-americano.

Os outros, do resto do mundo, estão naquele estado em que ficam os índios em grande parte dos faroestes norte-americanos: sob a mira dos fuzis da cavalaria. Assim mesmo, os cidadãos dos EUA podem ser livremente investigados se estiverem em contato com algum estrangeiro.

O único problema que este esquema ainda não venceu é o do tempo de estocagem: ele dura de três a cinco dias. Neste prazo, os investigadores devem decidir o que vão armazenar e o que vão deletar, sob pena de sobrecarregar o sistema.O resto é questão de ter paciência e agentes capacitados para fazer as análises.

Em resumo, a América Latina deixou de ser o quintal do governo de Washington. O quintal agora é pelo menos três quartos do mundo.Não é à toa que o governo russo encomendou recentemente vinte máquinas de escrever de produtores alemães, destinadas ao seu serviço secreto. Elas são mais seguras do que qualquer outra coisa.Desde que, é claro, seus usuários não disponham de papel carbono