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Marina Silva defende imposição de teto para produção de petróleo no Brasil

“É um debate que não é fácil, mas que os países produtores de petróleo terão de enfrentar”, diz ministra do Meio Ambiente ao jornal britânico ‘Financial Times’

São Paulo – Em entrevista ao jornal britânico Financial Times publicada nesta terça-feira (26), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defendeu que haja um “teto” para produção de petróleo pelo Brasil. Respeitada mundialmente por sua militância ambientalista, Marina disse acreditar que o país não conseguirá alcançar objetivos concretos na redução de emissão de carbono se não impor limites à indústria petrolífera.

“Uma questão que terá que ser enfrentada é a dos limites, um teto para a exploração de petróleo. É um debate que não é fácil, mas que os países produtores de petróleo terão de enfrentar”, disse. Um dos objetivos que justificariam a imposição desse teto é o de triplicar a energia renovável, o que seria inexequível sem limitar a exploração da commodity, na visão de Marina.

“O Brasil é um produtor de petróleo. Este é um debate que terá que ser feito, mesmo no contexto de guerras. Estamos comprometidos com a meta de triplicar a energia renovável. Mas tudo isso não pode ser feito se não discutirmos a questão dos limites de exploração”, disse a ministra ao jornal britânico, considerado uma “bíblia” do jornalismo para os economistas.

Obstáculos

O jornal destaca que a posição de Marina Silva enfrenta obstáculos até mesmo dentro do governo, “especialmente do Ministério de Energia e da Petrobras”. Desde o momento em que assumiu o comando da Petrobras, seu atual presidente, Jean Paul Prates vem defendendo a exploração de petróleo na margem equatorial, na Foz do Rio Amazonas, onde se supõe haver enormes jazidas de “ouro negro”, apesar da oposição do Ibama.

Na mais recente declaração, Prates diz esperar que a perfuração do poço na região comece já no segundo semestre de 2024. “A expectativa é no primeiro semestre, depois do primeiro poço da Potiguar, tentar receber a licença pra ir furar a Foz e voltar pra furar o segundo poço, ou furar os dois poços e no segundo semestre do ano que vem furar a Foz do Amazonas”, declarou o executivo à CNN no dia 22. Potiguar é a empresa operadora de campos de petróleo no Rio Grande do Norte.

Transição

“Não podemos desistir da transição energética. A segurança energética é necessária, mas também devemos pensar na transição. Ambas as coisas devem acontecer”, defendeu Marina na etrevista de hoje.

O jornal lembrou que a posição do governo Lula explicitada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é de que não vê “nenhuma contradição” entre ter metas de explorar petróleo e almejar um papel importante na transição para a energia verde. Segundo ele, as receitas do petróleo poderiam até ajudar a financiar essa transição.


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