São Paulo – O governo federal vai destinar R$ 430 milhões para socorrer agricultores vítimas da seca no Rio Grande do Sul. Ontem (23), uma comitiva de ministros e representantes de autarquias visitou representantes dos produtores rurais. Segundo os agricultores, este é o terceiro ano de perda na safra e também na produção de cada um deles. Parte dessa perda é coberta por seguro, o que a maioria não tem.

Para as ações no âmbito do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) serão destinados ao todo R$ 300 milhões. Do montante, R$ 50 milhões serão destinados a uma segunda parcela do chamado Crédito Instalação. Trata-se da primeira etapa de financiamento garantida pelo Incra às famílias assentadas. Deverão ser beneficiadas 10 mil famílias assentadas em municípios que decretaram situação de emergência.

E o restante para microcrédito produtivo rural, que pode beneficiar até 40 mil agricultores familiares com renda anual de até R$ 23 mil. Cada família deverá receber em torno de R$ 5 mil.

Crédito e estímulo à produção

O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) vai apoiar os produtores com fomento rural, aquisição de alimentos e antecipação do pagamento do Bolsa Família. Para isso, terá R$ 30 milhões para ações de crédito e estímulo à produção para cerca de 10 mil famílias produtoras. Assim como os territórios Yanomami e as localidades do litoral norte paulista, áreas afetadas pela estiagem no Rio Grande do Sul podem receber antecipadamente o Bolsa Família.

Em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a pasta distribuirá alimentos para as famílias mais vulneráveis, nas regiões de emergência. Para esta finalidade serão R$ 5 milhões.

Pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o governo vai oferecer R$ 5 milhões em alimentos para até 35 mil famílias dos municípios atingidos pela estiagem. Serão beneficiados primeiramente os indígenas da Reserva Guarita.

O Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional liberará R$ 100 milhões para municípios em situação de emergência. São recursos para aquisição de cestas básicas e contratação e manutenção de carros-pipa.

Seca exige resposta permanente, diz ministro

O ministro Paulo Teixeira, do MDA, esteve na comitiva que visitou o município de Hulha Negra, próximo à divisa com o Uruguai, um dos mais afetados pela estiagem. Na sua avaliação, a resposta à falta de chuvas no estado precisa se tornar política permanente, já que o território gaúcho enfrenta “uma seca estrutural”, com estiagem nos últimos três anos.

Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta sexta-feira (24), Teixeira disse que teve uma conversa inicial com o governador Eduardo Leite (PSDB). E que haverá uma agenda do gestor gaúcho com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tratar do enfrentamento à seca. Na pauta, segundo ele, estão temas como irrigação, recuperação de nascentes ou de vertentes, e também a capacidade de armazenamento de água nas propriedades e nas cidades. Segundo o ministério, o detalhamento das ações em prol das vítimas a seca está sendo discutido entre representantes do governo gaúcho, de prefeituras e movimentos sociais.