Alerta

Desmatamento na Amazônia cai 42,5%, mas tem alta recorde no Cerrado

Apesar da queda no bioma amazônico, alertas de desmatamento tiveram alta de 21,7% no Cerrado entre janeiro e julho deste ano

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Em julho, redução do desmatamento na Amazônia foi a maior em quatro anos

São Paulo – Os alertas de desmatamento na Amazônia caíram 42,5% entre janeiro e julho deste ano, em relação ao mesmo período de 2022, confirmando tendência de queda na devastação da floresta. No mesmo período, no entanto, os alertas tiveram alta de 21,7% no Cerrado, o maior já registrado para o bioma. Os dados são do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgados nesta quinta-feira (3).

Entre agosto do ano passado e julho deste ano, o Deter identificou 7.592 quilômetros quadrados (km²) de área desmatada na Amazônia, queda de 7,4% na comparação com os doze meses anteriores, quando o desmatamento atingiu 8.590 km². No Cerrado, por outro lado, a devastação alcançou 6.359 km² nos últimos doze meses, 16% a mais do que no período anterior.

Mês a mês, houve redução de 66% no desmatamento da Amazônia em julho em relação a junho. É a maior queda mensal já registrada nesse período nos últimos quatro anos, revertendo avanço registrado no governo Bolsonaro. No Cerrado, por outro lado, o aumento foi de 26% nos alertas de desmatamento na região. A devastação atinge principalmente a região chamada “Matopiba”, que inclui áreas do bioma nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

Comemoração e preocupação

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, celebrou a queda expressiva dos alertas de desmatamento na Amazônia. “Fizemos um esforço muito grande desde o início do governo. Em que pese a realidade muito mais complexa hoje, que envolve várias formas de criminalidade que não tínhamos em 2003”, afirmou.

Ela afirmou que os números positivos são resultado da combinação de ações emergenciais e estruturantes. “Fizemos políticas públicas com base em evidências, e não de forma errática”, destacou a ministra. “Estamos sustentados por muita ciência. O sistema de detecção em tempo real serve para que a gente possa interferir no momento em que a criminalidade está acontecendo”.

Por outro lado, ela citou que o esforço concentrado no combate ao desmatamento da Amazônia pode ter contribuído para o aumento no Cerrado. Além disso, há também uma diferença de legislação em relação aos biomas. Enquanto na Amazônia, a Reserva Legal – percentual de vegetação nativa a ser preservada em cada propriedade – é de 80%, no Cerrado é de apenas 20%.

“Uma parte significativa é desmatamento autorizado, e o Ibama só pode atuar nos desmatamentos ilegais”. Ainda assim, a ministra afirmou que o crescimento do desmatamento poderia ter sido contido com ações emergenciais. “O bom de tudo isso é que temos um governo que dá transparência aos dados”, ressaltou.