Batalha da comunicação

Mídia alternativa se une por campanha ‘Brasil Sem Veneno’: ‘Desconstruir mentiras do agronegócio’

Lançada nesta quinta (24) pelo "De Olho nos Ruralistas" e "O Joio do Trigo", campanha investiga impactos dos venenos agrícolas e traz modelos alternativos de produção de alimentos. Projeto criou vaquinha online para recolher doações

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"As pessoas estão à mercê de informações falsas e manipuladas sobre algo que mata", destaca editor do Olho nos Jornalistas, Alceu Castilho

45São Paulo – Em meio aos anúncios midiáticos que tentam emplacar a imagem do agronegócio como algo “pop” e positivo, o observatório da atuação desse mercado no Brasil, o site jornalístico De Olho nos Ruralistas, em parceria com o portal O Joio  e o Trigo, lançou nesta quinta-feira (24) a campanha “Brasil Sem Veneno”, uma união de esforços para investigar os interesses financeiros e os riscos à saúde que estão por detrás dos agrotóxicos levados à mesa dos brasileiros.

A proposta é abordar as informações apuradas e averiguadas por uma equipe de profissionais dos dois portais, que ficarão dedicadas exclusivamente ao estudo do tema e à apuração das denúncias quanto ao modo de produção do agronegócio, que serão contrapostas com histórias alternativas a esse modelo de agricultura. Todo o material produzido será divulgado por meio de um projeto multimídia, com reportagens especiais, fotojornalismo, vídeos, um livro e materiais didáticos.

A expectativa dos organizadores é que o “Brasil Sem Veneno” seja lançado em janeiro de 2020, caso a campanha online, criada para custear os orçamentos da equipe jornalística, seja alcançada. O projeto prevê meta inicial de R$ 140 mil, até R$ 250 mil, a partir de doações de R$ 20. (Clique aqui para saber mais e participar).

Jornalista, escritor e editor do site De Olhos nos Ruralistas, Alceu Castilho explica que objetivo da campanha é construir um material que seja jornalístico, mas o mais didático, contribuindo para a conscientização sobre o tema. Em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, Castilho destaca que essa é uma “batalha narrativa” contra um “arsenal de mentiras” que é propagado sobre os agrotóxicos. “As pessoas estão à mercê de informações falsas e manipuladas sobre algo que mata”, afirma.

“Até porque o bombardeio midiático é muito grande, e bombardeio literalmente, já que agrotóxicos são armas químicas, eles matam (…) a principal emissora de televisão tem uma campanha chamada ‘O agro é pop’ com imagens romantizadas de uma violência. Isso não é brincadeira, é por isso que a gente pede para cada cidadão nos ajudar para que a gente atinja mais gente com informações corretas, científicas. Um dos profissionais, a serem destacados, fará a revisão bibliográfica sobre os impactos na saúde, os impactos no meio ambiente, isso será apresentado de forma didática a um grande público”, assegura o jornalista sobre a iniciativa que conta com apoio das organizações Slow Food Brasil, Movimentos dos Pequenos Agricultores e a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida.

Só neste ano, em que o governo de Jair Bolsonaro já liberou o registro de mais de 400 tipos de venenos agrícolas, um estudo do Instituto Butantã comprovou que a ingestão de agrotóxicos, em qualquer dosagem, pode fazer mal à saúde. O Brasil ainda é um dos países que mais utilizam esse tipo de substância em suas lavouras, a despeito de todo o conhecimento já acumulado em agroecologia, prática que produz alimentos sem recorrer a pesticidas químicos.

“Agrotóxicos estão sendo liberados, as variações em torno deles estão sendo liberadas para que as empresas (da Europa, dos Estados Unidos), produzam no Brasil mais venenos, e tudo isso para eles, do lado de lá, é mercadoria, não tem nada a ver com alimentar mais ou menos a humanidade. Agrotóxicos são mercadoria e é disso que se trata do lado de lá. Do lado de cá, a gente está falando de saúde, de alimentação saudável e de vida”, ressalta o editor do De Olho nos Ruralistas.

Ouça a entrevista na íntegra

Confira Bela Gil em vídeo de apoio à campanha