Ministra sem noção

Estudo do Instituto Butantã mostra que agrotóxicos, em qualquer dosagem, podem fazer mal à saúde

Ao contrário do que afirma Tereza Cristina, da Agricultura, ao defender a liberação de venenos agrícolas, pesquisa revela que não há dose segura destas substâncias para a saúde humana

TVT/Reprodução
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Pesquisa testou a toxicidade de 10 pesticidas, largamente utilizados no país, em ovas de peixe-zebra, que em sua maioria nasciam mortos ou deformados

São Paulo – Em encontro nesta terça-feira (6) para debater a liberação de agrotóxicos com jornalistas, professores e representantes de órgãos da saúde, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que o Brasil vai aprovar cada vez mais defensivos químicos para as plantações  como forma de “entrar na modernidade”. Ela chegou a dizer que os cerca de 200 novos venenos liberados por Jair Bolsonaro em pouco mais de sete meses de governo são menos tóxicos. Mas um estudo do Instituto Butantã divulgado nesta semana mostra, no entanto, que não há dose segura de agrotóxicos para o organismo humano.

Encomendada pelo Ministério da Saúde, a pesquisa testou várias dosagens, em peixes, para verificar a toxicidade de 10 pesticidas, largamente aplicados pelo país, entre eles o glifosato, um dos mais utilizados na agricultura. Os cientistas ficaram surpresos com o resultado final, indicando que todos os agrotóxicos, em qualquer quantidade, podem ser letais para os seres humanos. “Houve índices grandes de mortes e também de deformações nos peixes que nasceram ali, ou outro tipo de doença. A conclusão é o seguinte: não há dose mínima para os produtos que são tóxicos”. destaca a pesquisadora e especialista em Meio Ambiente Marijane Lisboa à repórter Martha Raquel, do Seu Jornal, da TVT.

Foram testadas diferentes concentrações, de pequenas a grandes dosagens das substâncias, diluídas na água de aquários contendo ovas fertilizadas de peixes-zebra. Inicialmente, a pesquisa estava a cargo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mas, por ter a metodologia com peixes considerada referência mundial para o teste de toxinas, o Instituto Butantã recebeu o pedido para que realizasse o estudo, algo considerado corriqueiro entre os institutos.

Mas, apesar da expertise do centro de pesquisa, Marijane não descarta que, para negar o resultado, Bolsonaro e Tereza Cristina irão questionar a metodologia, os cientistas e os procedimentos. “Quem manda no governo Bolsonaro é o agronegócio”, critica. O doutor em Saúde Pública Paulo Paes acrescenta que “agrotóxico mata e não mata pouco”. Há mais de 15 anos estudando o efeito dos pesticidas no corpo humano, Paulo destaca que, só na última década, a intoxicação já fez pelo menos 5 mil crianças vítimas.

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT

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