Embate

Reajuste de servidores de SP entra em votação na Assembleia. Projeto é desigual e não repõe inflação

Governo Doria quer aprovar aumento de 20% para agentes de segurança e algumas carreiras da Saúde, e 10% para as demais categorias – todos sem reajustes desde 2018

Rovena Rosa/Agência Brasil
Rovena Rosa/Agência Brasil
Em meio à luta contra a covid-19, auxiliares de saúde e técnicos de enfermagem receberão menos de 10%, denuncia deputado

São Paulo – Em sessão extraordinária, os parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo votam nesta terça-feira (22) projetos do governador João Doria (PSDB) que tratam de reajuste aos servidores estaduais. Ainda em fevereiro, Doria anunciou índice de 20% nos salários de agentes de segurança e profissionais da saúde, da ativa e aposentados. As demais categorias receberiam apenas 10%.

Desde 2018, os servidores do Estado estão com os salários congelados. De acordo com o Dieese, a inflação acumulada no período atingiu 25,6%. Desse modo, a bancada do PT, que vinha defendendo a reposição integral, decidiu apresentar voto para que todas as categorias sejam contempladas com pelo menos 20%. Inclusive os efetivos de fundações e autarquias, que ficaram de fora da proposta do governo. No casos dos profissionais de educação, o PT propõe o reajuste pelo piso nacional, de 33,24%. A bancada também propôs reajuste do vale-refeição em, no mínimo 20%, dos atuais R$ 12 para R$ 14,40. A oposição está em obstrução para tentar impedir a aprovação dos reajustes conforme determinação do governo.

Pressão

A deputada Márcia Lia, líder da bancada do PT, ressaltou que a promessa de 20% para todas as categorias da saúde é “inverídica”. “Algumas categorias da saúde vão ter 20%, outros não terão. Precisamos botar os pingos nos is”, afirmou. Assim, ela também destacou que o governo estima gastar R$ 424 milhões com o reajuste aos servidores. Mas o governo tem em caixa de quase R$ 21 bilhões. “O problema não é a falta de dinheiro, mas a falta de compromisso com os servidores”. Por outro lado, também criticou os reajustes dados em forma de abono, que não valem para o cálculo das aposentadorias.

Já a deputada Professora Bebel (PT) classificou o governo Doria como “autoritário”, pois não chamou as entidades representativas dos servidores para a mesa de negociação. Ela, que também preside o sindicato estadual dos professores da rede pública, a Apeoesp, classificou como uma “vergonha” o reajuste proposto para o vale-refeição. “Com R$ 12 reais, não dá nem para chamar de vale-coxinha”, criticou. Sobre os profissionais da saúde, Bebel afirmou que mereciam “muito mais” do que 20% de reajuste, por conta de todo o empenho no combate à covid-19. Além disso, afirmou que são as gastos com as organizações sociais, que fazem serviços públicos terceirizados, que estão corroendo recursos públicos em São Paulo.

“Com R$ 12, não se compra nem um misto quente. É esse o governo Doria, que não aceita aumentar vale-refeição nem auxílio alimentação”, disse o deputado Paulo Fiorilo (PT). Ele destacou ainda que auxiliares de saúde e técnicos de enfermagem não terão nem 10% de reajuste.