Suspeitas

Senado chama Paulo Guedes e Campos Neto para explicar offshores

Ministro da Economia vai depor também em Comissão na Câmara. Parlamentares querem saber se as principais autoridades monetárias do governo Bolsonaro se beneficiaram das políticas econômicas que criaram

Marcos Corrêa/PR
Marcos Corrêa/PR
Paulo Guedes, Jair Bolsonaro e Roberto Campos Neto. Principais autoridades monetárias do governo federal levantam suspeitas

São Paulo – A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado quer ouvir explicações do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para que ambos mantenham recursos em contas offshore no exterior. A informação foi revelada em documentos obtidos pelo projeto Pandora Papers, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. A CAE aprovou nesta terça (5) os requerimentos para os convites a Guedes e Campos Neto. A audiência pública deverá ocorrer daqui a duas semanas, no dia 19.

De acordo com os Pandora Papers, Paulo Guedes abriu a offshore Dreadnoughts International nas Ilhas Virgens Britânicas em setembro de 2014. Nos meses seguintes, aportou US$ 9,54 milhões — o equivalente a mais de R$ 50 milhões na cotação atual.

“Imagine o brasileiro acordar com a manchete de que o presidente da Petrobras é dono de posto de gasolina. É mais ou menos isso: a política econômica deste governo fez com o que o patrimônio no exterior do ministro da economia mais do que dobrasse. Talvez você não tenha aí uma ilegalidade. Mas seguramente temos um conflito de interesse e é importante que isso seja expresso”, afirmou o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

Por sua vez, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) disse não fazer pré-julgamentos, mas acrescentou que Guedes e Campos Neto devem explicações. “Se um político aparece com uma conta offshore, muito provavelmente ele será alvo de representação no Conselho de Ética. Agora, quando as autoridades monetárias aparecem com contas em offshore, é mais do que necessário que haja todos os esclarecimentos. Não é pouca coisa: é o ministro da economia e o presidente do Banco Central”, destacou.

Paulo Guedes na Câmara e PGR

Mais cedo, a Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara também já havia aprovado a convocação de Paulo Guedes. O ministro terá de explicar suas movimentações financeiras no exterior por meio de sua offshore em paraíso fiscal.

A convocação foi proposta pelos deputados Kim Kataguiri (DEM-SP) e Paulo Ramos (PDT-RJ), que apontaram possível “conflito de interesses” do ministro, que pode ter lucrado R$ 14 milhões com as políticas conduzidas pelo governo em relação ao dólar. “Não está claro qual foi a atividade de sua offshore, nem como está sendo gerida desde sua nomeação ao ministério”, disse Ramos.

Ainda ontem (4), o procurador-geral da República, Augusto Aras, abriu uma investigação preliminar e afirmou que também quer ouvir o ministro da Economia sobre as reportagens que revelam sua titularidade de uma empresa offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal no Caribe, que tinha um saldo de US$ 9,55 milhões em 2014.

Com Agência Senado e revista Fórum


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