São Clemente satiriza Bolsonaro. Mocidade homenageia Elza Soares
Com Marcelo Adnet, humor marca desfile da escola de Botafogo, repleto de críticas a políticos e malandros. Luta contra opressão machista também foi destaque na noite. Beija-Flor se credencia para mais um título
Publicado 25/02/2020 - 09h55
São Paulo – No segundo dia de desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro do Carnaval 2020, em que críticas políticas e sociais tiveram menos destaque que no dia anterior, a São Clemente usou o humor para abordar temas como fake news e corrupção, na madrugada desta terça-feira (25).
O humorista Marcelo Adnet, coautor do samba-enredo cantado pela escola, “O Conto do Vigário”, desfilou em um dos carros alegóricos imitando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em tom de deboche. O artista chegou a imitar Bolsonaro fazendo flexões de braço e poses de arma com as mãos.
Com fantasias de cor laranja, a bateria da São Clemente fez uma referência às candidaturas falsas promovidas pelo PSL, ex-partido do presidente, um esquema para desviar recursos públicos do fundo eleitoral, em 2018.
Em um dos trechos do samba, a escola abordou as notícias falsas, que desde as eleições presidenciais viraram grande parte do conteúdo em circulação nas redes sociais do país: “Brasil compartilhou, viralizou, nem viu! E o País inteiro assim sambou. Caiu na fake news!”.
O desfile também criticou o “jeitinho brasileiro”, citando malandro vendendo terreno na Lua.
Elza Soares presente
A Mocidade Independente de Padre Miguel trouxe temas como machismo e racismo e homenageou a cantora Elza Soares, que foi compareceu pessoalmente ao desfile, ocupando o destaque do último carro alegórico da escola. O púlbico acompanhou o samba, puxado também por várias vozes femininas e que dizia “é sua voz que amordaça a opressão.
Circo, Brasília e outros temas
Abrindo as atrações da noite, a Unidos de Vila Isabel apresentou uma versão mística para a criação de Brasília, que completa 60 anos em 2020. Além de mostrar sua interpretação para a lenda segundo a qual a cidade teria sido criada a partir da visão de um menino indígena, a escola também homenageouos arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.
Com o samba-enredo “O Rei Negro do Picadeiro”, a Acadêmicos do Salgueiro homenageou Benjamin de Oliveira, o primeiro palhaço negro do Brasil, que faria 150 anos em 2020. Baseado no universo circense, o desfile destacou a importância dos negros para a cultura nacional, trazendo em seus carros artistas como Negra Li, Ailton Graça e Hélio de La Peña.
A Beija-Flor, fechou a noite com um desfile considerado tecnicamente perfeito e se colocou entre as favoritas para o título deste ano. Numa abordagem “tradicional”, o enredo escolhido foi “Se essa rua fosse minha”, sobre caminhos percorridos pelo homem por meio de lendas e mitos sobre estradas, vias e ruas, até desembocar na avenida Marquês de Sapucaí, palco maior do carnaval carioca.
Numa apresentação que passou sem brilho, a Unidos da Tijuca cantou sobre arquitetura e compôs a programação da segunda noite de desfiles das principais escolas de samba do Rio de Janeiro.
A campeã será conhecida nesta quarta-feira de Cinzas .