Impeachment

Se Cunha se preocupasse com as ruas, teria renunciado, diz OAB-SP

Para Marcos da Costa, presidente da Câmara usou um tema importante para seu favorecimento pessoal. Ele defende que processo seja feito com 'transparência e ética' para que o país possa sair da crise

OAB/Divulgação

Costa espera que o debate na comissão não se prolongue e possa ser concluído antes do recesso parlamentar

São Paulo – O presidente da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcos da Costa, considera o processo de impeachment um debate necessário, ainda que a motivação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), possa ser questionada. Para Costa, o parlamentar se aproveitou do ambiente político para argumentar que atendia a um chamado da sociedade, usando uma questão importante para a sociedade, como o impeachment, para favorecê-lo. “Se atendesse ao chamado das ruas, ele certamente teria renunciado à presidência da Câmara dos Deputados”, afirmou o presidente da OAB-SP, durante encontro que reuniu hoje (3), em São Paulo, representantes de centrais sindicais e entidades empresariais, discutindo alternativas para o crescimento da economia.

Para Costa, o processo agora precisa ser levado adiante, com “transparência, respeito, ética”, para que a sociedade possa superar o momento difícil. Ele evitou se manifestar sobre o mérito do pedido. “Essa matéria tem sido objeto de estudo no Conselho Federal (da Ordem). O pedido de impeachment não tem uma única base. O Conselho Federal está analisando ponto a ponto.”

Segundo ele, trata-se de uma questão que vem sendo discutida desde o ano passado e que precisa ser devidamente avaliada, mesmo considerando a forma como foi apresentada por Eduardo Cunha, no momento que não só sua manutenção na presidência da Câmara, como seu próprio mandato, está sob ameaça. “O processo precisa ser discutido, precisa ter curso. Isso é fundamental para que ultrapassemos esse momento de crise política. O importante é não paralisar o processo, não paralisar o país.”

O presidente da OAB paulista afirma que há “grandes juristas” favoráveis e contrários ao processo de impeachment. “Vamos permitir que haja um debate relevante. O Congresso vai ter a responsabilidade de apreciar. É uma comissão que vai dizer que é o caso de dar curso ou não ao impeachment, não é o presidente da Câmara. Se entender que é o caso de dar curso, que nós possamos enfrentar essa situação, como já fizemos no passado, sem maiores traumas para a sociedade brasileira.”

Costa reafirmou posição favorável ao sistema parlamentarista. “Se tivéssemos o parlamentarismo, uma crise política como esta já teria se resolvido rapidamente. Vivemos a ditadura do tempo do presidencialismo.”

Ele espera que o debate na comissão especial não se prolongue e possa ser concluído antes do recesso parlamentar. “Se permitir que entre no recesso, aí vamos ter um período longo e muito triste, que vai naturalmente refletir na economia do país. Minha esperança é que este evento de hoje (entre sindicalistas e empresários) possa ser um antídoto para essa cris política”, disse Costa, acrescentando que a classe política às vezes parece “deslocada” da sociedade e da realidade brasileira.