Famílias da favela do Moinho visitam moradias temporárias na zona oeste de São Paulo

À espera de garantias de Kassab, famílias atingidas por incêndio em dezembro querem conhecer o terreno onde a prefeitura promete construir um conjunto habitacional

São Paulo – A luta por moradia digna continua sendo a grande inquietação dos moradores da favela do Moinho, comunidade atingida por um incêndio no último dia 22 de dezembro. Com a proposta da prefeitura de São Paulo de pagar R$ 450 ao mês por família como auxílio-aluguel até que fique pronto um conjunto habitacional na Vila dos Remédios, na zona oeste, os moradores querem conhecer o local para decidirem se aceitam ou não as condições propostas.

“No sábado faremos uma visita ao lugar onde será construído o conjunto habitacional que a prefeitura nos ofereceu. Eles nos deram dois ônibus para irmos até lá e decidirmos se vamos nos mudar ou não”, afirma Francisco Miranda, presidente da Associação de Moradores da Favela do Moinho.

Ele conta que, após a visita, será realizada uma assembleia para discutir a proposta da prefeitura. “Tudo será decidido por todos os moradores”, pontua o Francisco Miranda. Na última segunda-feira (9), a comunidade não chegou a um consenso sobre a oferta.

Do conjunto habitacional próximo à ponte dos Remédios sobre a via marginal ao rio Pinheiros, os moradores seriam transferidos em definitivo para um prédio a ser construído na própria região do Moinho, no centro da capital. A administração municipal alega que ainda não pode dar um prazo para a mudança porque precisa localizar e desapropriar um terreno na área.

Julia Moretti, advogada do Escritório Modelo Dom Paulo Evaristo Arns, da Pontífice Unirversidade Católica de São Paulo (PUC-SP), que presta os serviços jurídicos do caso, afirma que, em visita ao terreno, nesta semana, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) considerou a existência de contaminação por substâncias tóxicas no local. O argumento foi utilizado pela administração municipal para não manter os moradores ali imediatamente.

Os planos de Kassab preveem a remoção das casas da comunidade para a abertura de um parque, o que criou uma disputa judicial. O laudo da Cetesb, segundo a advogada, não é conclusivo quanto à possibilidade de o local poder receber ou não um prédio que abrigaria os moradores do Moinho.

A advogada lamenta que a prefeitura não tenha dado resposta às famílias que não perderam as casas na comunidade, mas que vivem em condições precárias de sobrevivência em consequência dos estragos causados pelo incêndio.