Após ataque a TV, Venezuela decreta prisão de aliada de Chávez
Lina Ron aparece em imagens que mostram ataque contra a sede da Globovisión, em Caracas
Publicado 04/08/2009 - 18h58
Caracas – A Justiça venezuelana decretou nesta terça-feira (4) a prisão de Lina Ron, uma aliada radical do presidente Hugo Chávez que no dia anterior participou de um ataque com bombas lacrimogêneas contra a sede de um canal de televisão crítico do governo.
Imagens do canal mostraram como Ron e dezenas de motoqueiros com boinas vermelhas, semelhantes às usadas por Chávez, lançaram várias bombas de fumaça contra a sede da Globovisión, em Caracas.
Executivos da emissora disseram que os manifestantes estavam armados e o ataque deixou dois funcionários e uma policial levemente feridos.
“A pedido do Ministério Público, foi emitida uma ordem de prisão contra Lina Linette Ron Pereira, por sua suposta participação nos eventos ocorridos na segunda, 3 de agosto, nas instalações do canal de televisão Globovisión”, afirma o Ministério Público em comunicado. O documento, no entanto, não especifica qual crime Lina Ron teria cometido.
O governo condenou o ataque à Globovisión, um pequeno canal de notícias 24 horas que Chávez já ameaçou fechar por considerá-lo um perigo para a saúde mental dos venezuelanos.
Em 2008, Lina Ron e seus seguidores ocuparam o Palácio Arcebispal de Caracas depois que líderes da Igreja Católica criticaram Chávez. O próprio presidente condenou a ação e exigiu da controversa líder política uma “disciplina revolucionária”.
Ron, que já apareceu em diversos atos com Chávez e funcionários do primeiro escalão do governo e do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), declarou na época que a “Globovisión é objetivo revolucionário”.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) emitiu na segunda um comunicado em que expressou “profunda preocupação com a deterioração do direito à liberdade de expressão na Venezuela”.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, também se mostrou preocupado. “Há uma declaração (da CIDH) clara o suficiente para que eu acrescente algo. Certamente, a situação é preocupante”.