Serra fala em restringir recursos do BNDES

Em maratona de entrevistas, presidenciável critica privatização do dinheiro público e fala em concessão de aeroportos

Serra qualificou como trololó petista as críticas ao modelo de concessão de rodovias que produz pedágios mais caros do que em estradas federais (Foto: Fernando Nascimento/Reuters)

São Paulo – O candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, afirmou em entrevista gravada para o programa Roda Viva da TV Cultura, no sábado (19), que em seu governo vai restringir o uso de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a fusão de empresas e criticou o atual governo por “privatizar o dinheiro público”, por meio de empréstimos do banco. 

Serra condenou a concessão de crédito para a formação de grandes empresas nacionais. “Se for para formar capital novo num setor que for fundamental, eu não sou contra… não sou contra uma empresa comprar a outra, mas você vai dar dinheiro público subsidiado? Todos os contribuintes do Brasil vão pagar para uma empresa comprar outra? Não tem sentido”, discursou. Apesar de vincular o BNDES a um tipo de privatização, o candidato defendeu a “concessão” dos aeroportos.

Mais uma vez irritado com jornalistas, Serra demonstrou não ter gostado da pergunta de um jornalista sobre o modelo de concessões de estradas adotado em São Paulo,  governado até o início de abril pelo tucano. E chamou a crítica de “trololó” petista, argumentando que as estradas paulistas são consideradas as melhores do Brasil.

Serra aproveitou para criticar a ação do Banco Central brasileiro durante a crise financeira global. O tucano afirmou que numa possível administração, o BC vai “trabalhar direito” e “errar menos”.

Contra a descriminalização

Ainda em assuntos polêmicos, o tucano prometeu não distribuir cargos no Executivo para aliados e manter a regulamentação do aborto que impede a interrupção da gravidez. Além disso, disse que nunca fumou maconha e é contrário à descriminalização. O candidato também torpedeou a adversária Dilma Rousseff (PT) e o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad.

Sobre Dilma, o tucano sugeriu que a petista pedisse desculpas pelo suposto dossiê contra ele. Já o presidente iraniano não seria digno de sua confiança. “De jeito nenhum” Serra intermediaria um acordo entre ele e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em referência ao papel brasileiro adotado a pedidos do órgão da Organização das Nações Unidas (ONU).

Com o venezuelano Hugo Chávez, Serra evitou polêmicas. Depois de vincular o governo boliviano ao narcotráfico e chamar de farsa o Mercosul, agora o tucano admite manter relações normais com o presidente do país vizinho.

Vice sem estresse

Apesar de ainda não ter um nome definido para vice, o candidato prometeu divulgar seu vice até o final do mês. “Até o fim do mês resolve. Não é uma questão estressante para mim e nem para o PSDB”, disse Serra em sabatina realizada pela Folha de S.Paulo. “Como tem prazo, deixamos para o final do mês”, acrescentou.

Desde que o ex-governador de Minas, Aécio Neves, negou-se a compor uma chapa com Serra, o partido avalia uma chapa pura com outro nome tucano, embora o DEM pressione pela vaga. A entrevista do presidenciável vai ao ar nesta segunda-feira (21), às 22h, pela TV Cultura.

Com informações da Reuters

 

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