Ministério da Cultura divulga balanço de consulta pública da Lei de Direitos Autorais

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, faz balanço sobre a consulta pública do anteprojeto da Lei de Direito Autoral (Foto: Marcello Casal Jr/ABr) Brasília – O Ministério da Cultura divulgou […]

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, faz balanço sobre a consulta pública do anteprojeto da Lei de Direito Autoral (Foto: Marcello Casal Jr/ABr)

Brasília – O Ministério da Cultura divulgou nesta quinta-feira (9) um balanço da consulta pública do anteprojeto da Lei de Direito Autoral. Em 79 dias foram recebidas 8.431 propostas de alteração do texto, das quais 58% foram contribuições com argumentação. O restante foi apenas manifestação de concordância ou discordância aos dispositivos.

A maioria das contribuições se refere ao primeiro artigo, que define os assuntos sobre os quais a lei dispõe e propõe equilíbrio entre os direitos do autor e do consumidor. As sugestões pedem uma hierarquização dos assuntos. Segundo o ministro da Cultura, Juca Ferreira, a mudança será feita para deixar claro que a principal função da lei é a defesa do direito do autor, ainda que tente garantir que o cidadão tenha acesso à cultura e a obras de interesse público.

Além das referências ao direito do consumidor, a licença não voluntária e a permissão do uso de obras como recurso criativo foram os pontos mais polêmicos da consulta. A licença voluntária se aplica às artes visuais e aos livros e regula situações excepcionais em que não há interesse do autor em levar a obra a público, mas há interesse público naquela obra.

Um exemplo é a obra de Cecília Meireles que não é publicada há dez anos por causa de disputas judiciais entre os herdeiros. Já o conceito de “recursos criativos” foi considerado muito abrangente para definir situações em que obras possam ser usadas com fins educativos.

Em entrevista coletiva, o ministro garantiu que a arrecadação e a distribuição dos direitos autorais continuarão sendo privadas. Desde a divulgação do projeto, muitos artistas têm se manifestado contra a nova lei, alegando que ela promoveria uma intervenção do Estado na produção e distribuição de cultura e em associações de artistas.

“Temos total confiança na classe para arrecadar e distribuir seus direitos. Sabemos que isso cabe exclusivamente aos próprios autores”, disse o secretário de políticas culturais do ministério, José Luiz Herêncio.

O governo deve criar uma instância administrativa que agilize a resolução de conflitos, nos moldes do extinto Conselho Nacional dos Direitos Autorais. Atualmente mais de 10 mil processos por direitos autorais tramitam na Justiça. A maioria deles é relacionado à música.

Segundo o ministro, a falta de confiança e transparência dos atuais mecanismos de arrecadação e repasse é uma das principais queixas da classe artística. O anteprojeto deve resolver isso ampliando o controle do autor sobre esse sistema, o que levaria a um aumento no montante de arrecadações.

Esse aumento seria responsável pelo crescimento de setores da economia ligados à cultura, o que é, segundo o ministro, o maior objetivo do ministério. “A economia da cultura já é a segunda maior nos Estados Unidos e a terceira na Inglaterra. Nossa meta é que em dez anos ela se torne no Brasil tão importante quanto as commodities porque é uma economia pouco poluente, que gera muito emprego e renda e agrega valor”, afirmou.

A expectativa é que ainda este ano o ministério termine a análise de sugestões da consulta pública, discutindo as alterações com os setores envolvidos e apresente o anteprojeto no Congresso.

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