Depois de 60 dias, moradores confirmam que Jardim Pantanal e Chácara Três Meninas estão secos

Sem água encobrindo ruas, lama e mau cheiro preocupam moradores (Foto: Suzana Vier/RBA) Ruas e casas do Jardim Pantanal e Chácara Três Meninas não enfrentam mais alagamento desde a noite […]

Sem água encobrindo ruas, lama e mau cheiro preocupam moradores (Foto: Suzana Vier/RBA)

Ruas e casas do Jardim Pantanal e Chácara Três Meninas não enfrentam mais alagamento desde a noite da segunda-feira (8). “Chegamos da manifestação e encontramos a rua seca. A diferença é total”, descreve Maria do Rosário, moradora do Jardim Pantanal. “O rio voltou pro lugar dele”, analisa.

A assessoria de imprensa da prefeitura até às 18h30 desta quarta-feira (10) não tinha informações sobre as áreas alagadas na zona leste de São Paulo.

De acordo com Maria das Dores de Araújo Melo (Dora), da Chácara Três Meninas, “a rua está sequinha. Todo mundo tá limpando a casa pra voltar”, afirma.

Ana Aparecida Silveira, moradora do Jardim Pantanal, está feliz com a casa seca, mas teme doenças. Ela mesma tem feridas nas pernas. “É doença das águas”, reflete. “Meu vizinho morreu com leptospirose, depois do contato com a água. Outros estão doentes. É preocupante”, alerta.

Sem água nos bairros, os moradores descrevem que é hora de limpar as casas e calcular as perdas. “Estou tirando móveis e queimando o que perdi: ligo uma coisa e pega fogo, outra tá com defeito”, relata Ana. “Quase incendiei minha casa quando liguei (a máquina de lavar) tanquinho que ficou molhado com as enchentes”, lamenta Maria.

Moradores ouvidos pela Rede Brasil Atual disseram não ter visto máquinas, nem funcionários da prefeitura atuando no local. “Por enquanto, nenhuma máquina passou por aqui. As águas baixaram sozinhas”, acredita Dora.

Apesar da melhora na situação, lama e mau cheiro ainda atormentam moradores. “Tem muita lama fedida, móveis jogados nas ruas e entulhos ainda”, explica Dora. A moradora critica a falta de atenção da prefeitura. “Ninguém doa nada para lavar as casas, nenhum cloro, nenhuma ajuda”, dispara.

Motivos

Carlos de Jesus Campos, especialista em drenagem urbana e idealizador dos piscinões na gestão Luíza Erundina, acredita que o tempo seco, sem chuvas, em cidades localizadas na cabeceira do rio Tietê melhorou a situação nas áreas alagadas.

José Arraes, membro do Comitê do Alto Tietê, ressalta que a população não está livre das enchentes, porque chuvas fortes estão previstas até março. “O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) alertou, nós alertamos o grupo de monitoramento hidrológico sobre as chuvas excessivas deste ano”, disparou.