Sem livros, escola estadual é obrigada a baixar conteúdo da internet

Pais pagam pelas cópias dos livros didáticos que o Estado não forneceu

São Paulo – Em instituições de ensino administradas pelo Estado, os livros didáticos são fornecidos gratuitamente aos estudantes. Na Escola Estadual Missionário Manuel de Melo, em Itaquera, zona leste de São Paulo, pais de alunos de 1º e 2º série, do ensino fundamental, estão tendo que pagar a impressão dos livros do próprio bolso.

Sem receber os livros desde o começo do ano, professores têm apelado para a internet. Eles fazem o download do livro e os pais financiam, através de convênio com a Associação de Pais e Mestres (APM) da escola, a impressão do conteúdo. Uma das mães, que preferiu não se identificar para que a filha não sofra retaliações, estava inconformada. “É um absurdo, as apostilas não chegam, eu sou obrigada a pagar para imprimir. E se eu não tiver esse dinheiro? Meu filho não estuda?”

A diretora da escola, Cláudia Canuto, confirma a prática. “Realmente não estamos recebendo o material didático das crianças e os professores estão baixando o conteúdo da internet.” Cláudia ressalta que “o fato de não estarmos recebendo esse material, não significa que as aulas não estão sendo dadas”.

“O que parece muito estranho é que não nos fornecem os livros, mas R$ 1 milhão para reformar uma quadra o Estado tem”, disse a mãe que não quis se identificar. Uma placa na entrada da escola indica a reforma e o valor de R$ 1,1 milhão. Os pais alegam que o investimento é apenas para a reforma de uma quadra. Cláudia afirma que o valor abrange ainda “a adaptação da escola para cadeirantes, a cobertura da quadra e uma reforma na parte elétrica.”

A diretora da escola ainda reclamou das condições de trabalho. “Não recebemos aqui nem os toners para as impressoras, este ano não mandaram. Acredita que usamos mimeógrafos ainda?” Até o fechamento desta matéria, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo não se manifestou sobre o assunto.

Nota:  Resposta da Secretaria de Educação

A Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) informa que a distribuição dos livros do programa Ler e Escrever teve atraso em decorrência de recurso impetrado na Justiça por uma das empresas concorrentes que não venceu a licitação realizada para impressão do material didático. Por conta desse entrave legal, a entrega dos livros teve início durante este mês.

No caso da Escola Estadual Manoel de Melo, para que não haja prejuízo ao andamento das aulas, os docentes, com base no Livro do Professor, aplicam atividades produzidas pelos próprios professores e copiadas em mimeógrafo, sem custo aos alunos e seus familiares.

Sobre a obra em andamento na unidade de ensino, os serviços abrangem adequação do prédio para pessoas com deficiência locomotora, que inclui ampliação para instalação de elevador, execução de rampas com corrimãos, adaptação de corrimãos na escada do prédio existente e de sanitário especial, substituição de balcão de atendimento da cozinha e secretaria e troca do lavatório e do bebedouro, colocação de piso podotátil de alerta, adequação de portão, pintura de vaga especial; instalação de reservatório inferior; adequação dos sistemas de combate a incêndio e de proteção contra descargas atmosféricas; substituição de piso e canaletas; demolição e reconstrução da escada de acesso à quadra de esportes; revisão da cobertura com a troca de peças danificadas e limpeza das calhas; manutenção da cozinha com a troca da tubulação e registros, das tomadas, inclusive fiações do revestimento das paredes e instalação de prateleiras na despensa; reforma do sanitário dos alunos com a substituição de tubulações e registros, dos lavatórios, mictório, portas dos boxes (inclusive batente metálico), do revestimento das paredes e pintura; substituição das portas das salas de aula, lubrificação dos caixilhos e pintura das lousas; revisão das instalações elétrica e hidráulica; remoção das raízes de árvores da calçada e reconstrução do passeio; e pintura geral do prédio.