‘Privatização’ em bairro nobre de SP deve afetar serviços à população de baixa renda

São Paulo – Educação, saúde e cultura. Três temas tão caros a qualquer político em época de eleição podem unir paulistanos de alta e baixa renda no Itaim, bairro nobre […]

São Paulo – Educação, saúde e cultura. Três temas tão caros a qualquer político em época de eleição podem unir paulistanos de alta e baixa renda no Itaim, bairro nobre da zona sul da cidade. É que um projeto anunciado no final do ano passado pela gestão Gilberto Kassab promete vender a uma incorporadora privada um terreno de 20 mil m² – avaliado entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões – em um dos pontos mais valorizados da cidade, a rua Horácio Lafer. Em troca, a empresa deve construir 200 creches na periferia.

O problema é que naquele espaço estão concentrados sete serviços públicos (escolas, creche, posto de saúde, biblioteca, teatro, um Centro de Assistência e Promoção Social), além de uma Apae, utilizados, em grande parte, por paulistanos que moram em regiões afastadas e que trabalham na região.

“Quase 90% das pessoas que utilizam esses espaços não moram na região. São trabalhadores ou filhos deles”, alerta Helcias de Pádua, presidente da Associação Grupo Memórias do Itaim Bibi.

Em uma assembleia que reuniu cerca de 50 pessoas nesta terça-feira (18), moradores da região e usuários dessas instalações prometeram resistir à venda, iniciando uma articulação que envolve políticos, artistas e usuários.

E o primeiro protesto já está marcado: será no domingo (23), quando o próprio prefeito Gilberto Kassab estará no bairro para inaugurar a ciclovia do Parque do Povo. Paralelo a isso, um estudo já está sendo produzido para avaliar a possibilidade de tombamento do quarteirão pelo patrimônio histórico, barrando qualquer iniciativa de venda ou privatização do local.

“O prefeito tem R$ 35 bilhões em orçamento e pode construir creches com esse dinheiro todo. O que não pode é vender o bem público. Porque ele não para de andar de helicóptero ou deixa de gastar com publicidade e investe esse dinheiro nessas obras?”, questiona Jorge Eduardo Rubies, presidente do Preserva São Paulo.