Foi mal...

Restaurante que hostilizou cliente cede e aceita notas com Lula e Marielle

Amigos de artista que sofreu agressões verbais no restaurante Komy's, em São Paulo, almoçam no local e pagam com notas de 'Lula Livre' e 'Marielle Presente', que casa havia recusado com violência

reprodução

Cédula com o carimbo em defesa de Lula, que está preso em Curitiba: protesto não invalida valor das notas

São Paulo – Um grupo de 13 pessoas em defesa da liberdade para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu hoje (11) no restaurante Komy’s, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, para realizar um protesto pacífico – almoçaram na casa e depois pagaram a conta com notas carimbadas com as mensagens “Lula Livre” e “Marielle Presente”. O ato ocorreu como resposta a uma cena de ódio, registrada na terça-feira (8). Até então cliente do restaurante, a artista plástica Ana Teixeira relatou em sua página no Facebook ter sido vítima de ataque verbal e hostilidades ao tentar pagar a conta com uma nota com o carimbo. 

Hoje, no entanto, a postura dos donos do restaurante foi diferente. “O proprietário não se recusou a receber as notas e, inclusive, justificou-se dizendo que não sabia anteriormente que era possível fazer isso. Fico feliz em ver que a violência que sofri levou este homem a se reposicionar, seja lá pelos motivos que for”, afirmou Ana.

Indigesto

Ao receber o dinheiro, a proprietária do restaurante, segundo o relato, começou a gritar de forma descontrolada. “Não aceito isso, sua bandida. Tentou me enganar dando a nota pelo outro lado, bandida!”, relatou Ana. “Logicamente que não tentei enganar ninguém, pois espalho estas notas com muito orgulho e sem medo”, afirmou a cliente, destacando que não há nenhuma ilegalidade nesse ato de protesto.

Segundo a artista plástica, a proprietária ergueu a nota na mão e começou a incitar todo o restaurante contra ela, dizendo que eu queria roubá-los pagando com nota adulterada. “Fiquei tão assustada que mal consegui falar. Logo eu que não costumo me assustar ou me calar nem em situações ditas perigosas”, disse.

O proprietário também teria endossado os gritos de sua mulher quando Ana disse que eles teriam que aceitar a nota pois era ilegal não fazê-lo. “Foi assustador! Eles não paravam de gritar e tiveram o apoio de alguns clientes que começaram a gritar também: ‘Vai pra Curitiba!’”

Frente ao conflito, as duas partes chegaram a cogitar de chamar a polícia, mas a cliente acabou por aceitar pagar com cartão de débito para atenuar a situação. “Eu não levantei a voz e disse que iria mostrar-lhes que as notas eram válidas. Eles continuaram gritando que não aceitariam e que chamariam a polícia. Eu disse que eu chamaria a polícia. Enquanto isso, pensando em chegar a um acordo mais civilizado, busquei no meu celular o post que mostra que não é ilegal passar ou aceitar notas carimbadas, mas eles se recusaram a vê-la e continuaram gritando. Comecei a tremer e a me sentir muito, muito vulnerável”, afirmou.

No Rio, bar fez “promoção”

“Ainda tive coragem para responder que crime é o que está sendo feito com Lula e com a população em geral, mas não consegui ser ouvida. Gritei o mais forte que pude ‘Lula Livre’ e saí de lá tremendo”, disse. Segundo ela, daqui para a frente, adotará o boicote ao restaurante como uma atitude mínima de defesa de sua dignidade.

Conduta oposta à do Komy’s ocorreu no Rio de Janeiro, no início do mês. O proprietário do Bar do Omar, na zona portuária da cidade, divulgou desconto de 10% para os clientes que apresentassem notas com o carimbo ‘Lula Livre’. Houve também, nos últimos dias, circulação de notícias falsas em grupos do WhatsApp alegando ilegalidade dessas notas e que a rede bancária teria proibido sua circulação. O próprio Banco Central já se manifestou desmentindo essa informação.

 

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