Rupert Murdoch: um império na alça de mira.

Rupert Murdoch:este nome faz os clãs brasileiros dos Marinho, Frias, Mesquita, Sirotsky et alii parecerem um bando de esquerdistas radicais. O império midático construído e dirigido por este magnata australiano […]

Rupert Murdoch:este nome faz os clãs brasileiros dos Marinho, Frias, Mesquita, Sirotsky et alii parecerem um bando de esquerdistas radicais.

O império midático construído e dirigido por este magnata australiano que adentra na casa dos 80 anos de idade apoiou e apóia tudo o que há de mais reacionário no mundo ocidental, da política de Maragaret Thatcher à invasão do Iraque.

Quando o Labour inglês deu uma definitiva queda para a direita, com Tony Blair e seu apoio à política guerreira de George Bush, lá estava Murdoch para defender o líder trabalhista. Quando, depois da saída de Blair, o trabalhismo inglês deu uma tímida adernada para o centro (dizer esquerda é demais), com Gordon Brown, o incansável Murdoch bombardeou-o e apoiou o retorno dos Tories, os Conservadores, com David Cameron.

Entre as propriedades de Murdoch estão a reacionaríssima Fox News, nos Estados Unidos, que tudo fez e tudo faz para desestabilizar Barack Obama, o jornal britânico Sun, um tablóide de arrepiar a pele e cabelos pela marca futriquiera e sensacionalista, o Times, o New York Post; mais recentemente o império de Murdoch adquiriu a Dow Jones, empresa especializada em bolsas de valores. Murdoch possui um vasto cabedal de empresas midiáticas também na Ásia, Austrália e no Oriente Médio. Tornou-se também conhecido por apoiar o governo chinês, com quem andava e anda em negociações no ramo.

No presente ele preparava-se para abocanhar todas as ações da British Sky Broadcasting, uma empresa midiática de que já possuía 39% delas. Mas… Murdoch agora teve de recuar, numa manobra que provocou uma desavença  com seu próprio filho, que queria levar o negócio adiante.

O motivo do recuo foi a cresxente oposição multipartidária à essa aquisição no Parlamento britânico.

Por quê? Porque um processo que vinha sendo conduzido em banho maria desde 2004 ganhou momento e força. O processo se refere à práticas ilegais por parte da mídia da família Murdoch para obter informações confidenciais sobre políticos, empresários, cidadãos comuns e até a família real britânica.

Quando o “affair” revelou a exploração ilegal de telefonemas e e-mails da família real Murdoch se viu frente a um fogo adverso com que não contava. O principal foco das investigações voltou-se para o periódico News of the World, propriedade da News International, mídia guarda-chuva do grupo, dirigida por seu braço direito e pulso de ferro Rebekah Brooks. Tão grave foi o movimento que Murdoch decidiu fechar o periódico, de venerandos 169 anos de idade, alegando desconhecer as práticas ilegais. Na sexta-feira 15 Rebekah se viu forçada a renunciar, devido a pressões de todos os lados, inclusive de acionistas do negócio, entre os quais está o Príncipe Alwaleed bin Talal, da Arábia Saudita.

Entre as vítimas das práticas, que envolviam um amplo processo de grampeamentos ilegais de telefones, estava o ex-premiê britânico, o trabalhista Gordon Brown. Brown tornou-se alvo dos grampos para obtenção de informações sobre a doença de um de seus filhos, acometido de um mal herdeditário, a fibrose cística, fato que ele queria manter no universo privado da família. Agora ele mesmo trouxe tudo à tona, para denunciar o News of the World. Entretanto o grupo Murdoch alega que obteve as informações sobre o filho de Brown a partir de uma outra família, cujo filho tem a mesma doença, o que teria sido confirmado por testemunhos.

O caso respingou em seu rival, o novo premiê conservador, David Cameron. Este havia contratado Andy Coulson, ex-editor do News, como diretor de comunicações do Partido Conservador, e levou-o ao cargo de diretor de comunicações do gabinete do primeiro ministro. Coulson foi afastado; um de seus ex-ajudantes no News, Neil Wallis, já está preso como acusado nas investigações da Scotland Yard. Cameron, num movimento inédito, juntou-se às vozes da oposição, pedindo a suspensão do negócio que envolvia a BSkyB, e uma ampla investigação dos fatos.

Um juiz com poderes especiais está para ser nomeado como chefe das investigações, que prometem ir longe e chegar aos Estados Unidos, pois há notícias de que os grampos atravessaram o oceano e desembarcaram nas terras do Tio Sam.

Outra pergunta fica no ar, ou melhor, nos bastidores. Chegarão essas investigações ao tema de sonegação de impostos? Há informações de que a News Corporation, a holding do grupo, dirigida por seu filho James, não paga impostos há muitos anos, e que Murdoch teria uma longa prática de recorrer a paraísos fiscais para fugir dos vários fiscos que poderiam afligi-lo. Se isso acontecer, aí sim a cobra vai fumar, o pau comer e a trombeta do apocalipse soar.