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Contra Temer, prédios do MinC continuam ocupados

Artistas e integrantes de coletivos culturais mantêm ocupações em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador desde maio; em São Paulo a ocupação da Funarte vai terminar dia 31 deste mês

Reprodução

Artistas realizam shows de protestos em ocupação no Rio de Janeiro

São Paulo – Prédios ligados ao Ministério da Cultura (MinC) estão desde maio ocupados por artistas e integrantes de coletivos culturais em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, em protesto contra o governo interino de Michel Temer e contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

As mobilizações começaram logo após o anúncio que Temer iria extinguir o Ministério da Cultura. Ocorreram ocupações em todos os estados, segundo o movimento, com apoio de diversos artistas. Após a reação, Temer desistiu de extinguir a pasta. Ainda assim, os artistas decidiram permanecer nas ocupações em protesto contra o governo Temer, tido como ilegítimo e golpista.

No Rio de Janeiro, os manifestantes afirmam que permanecerão no prédio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) até a saída de Temer. No último dia 15, o instituto havia entrado com um pedido de reintegração de posse do Palácio Gustavo Capanema, ocupado por mais de 60 dias. O juiz Federal Paulo André Espírito Santo, da 20ª Vara Federal do Rio, negou o pedido.

O Iphan acusa o movimento, chamado OcupaMinc, de pôr em risco a preservação de obras artísticas no Palácio, entre elas, quadros de Cândido Portinari e um tapete de Oscar Niemeyer. “Isso não é verdade. Desde o primeiro dia temos muito cuidado com o patrimônio”, informou a responsável pela comunicação do movimento, que preferiu não se identificar.

Nos dois meses de ocupação, os artistas cariocas já promoveram pelo menos mil atividades culturais gratuitas na ocupação, como seminários, shows, aulas, debates e oficinas de capacitação. Pelo menos 100 mil pessoas foram mobilizadas. O movimento faz a gestão democrática de três espaços do prédio: pilotis, mezanino e auditório. Em nota, os artistas afirmam que “todos os órgãos que funcionam no edifício mantêm suas atividades regularmente, coabitando harmonicamente com as atividades culturais, artísticas, políticas e sociais da ocupação”.

Em São Paulo, os coletivos que ocupam a sede da Fundação Nacional de Artes (Funarte) têm até o próximo dia 31 para deixar o local. A data foi acertada em uma reunião realizada na terça-feira (19) com membros da equipe da Funarte. Na segunda-feira, os grupos haviam sido notificados que teriam 24 horas para deixar o local, mas o tempo foi revisto na conversa.

Os artistas estão organizando um leilão de arte para amanhã (23), às 15h, aberto ao público. A Funarte fica na Alameda Nothmann, 1.058, Campos Elíseos, na região central. O dinheiro arrecadado será usado em ações contra o impeachment de Dilma.

As obras têm forte caráter crítico ao governo Temer e em defesa da democracia. “São artistas com menos inserção no mercado, com trabalhos com inserção midiática e com discurso forte. Há artistas bem no começo de carreira, que doaram obras, e outros já reconhecidos e consolidados”, disse o artista plástico Lourival Cuquinha à TVT.

“A Funarte não está cumprindo a sua função social mantendo equipamentos parados e não abertos para uso comum. As políticas de prêmios e editais não abrangem todas as demandas dos artistas, que têm sido mais do que precarizadas”, criticou a artista Isabela Alzira.

Na Bahia, a ocupação continua com ampla atividade cultural. Neste sábado haverá um Sarau da Resistência, às 19h, aberto ao público. O endereço é Rua da Terceira Ordem do São Francisco, 9.