Comédia com Colin Farrell mistura metalinguagem e violência nonsense

Farrell é um escritor irlandês em crise de criatividade, que sofre de alcoolismo (Foto: Paris Filmes/Divulgação) Uma das estreias nos cinemas brasileiros, nesta primeira sexta-feira do ano (4), é “Sete […]

Farrell é um escritor irlandês em crise de criatividade, que sofre de alcoolismo (Foto: Paris Filmes/Divulgação)

Uma das estreias nos cinemas brasileiros, nesta primeira sexta-feira do ano (4), é “Sete psicopatas e um Shih Tzu”, com direção e roteiro do britânico Martin McDonagh. No longa-metragem, a história de um roteirista alcoólatra em crise de criatividade pode se transformar numa grande aventura nonsense, marcada por ótimas tiradas, cenas grotescas, uma violência com cara de história em quadrinhos e muitos exercícios de metalinguagem.

O ótimo ator Colin Farrell é um escritor irlandês, em crise de criatividade, que sofre de alcoolismo e busca inspiração nas histórias relatadas pelo amigo Billy (Sam Rockwell, que também está muito bem no papel), um ator desempregado, um pouco abestalhado e infantil, que gosta de roubar cachorros. Eles se envolvem com o violento gângster Charlie (Woody Harrelson) e com o também violento e enigmático psicopata Hans (Christopher Walken).

A grande sacada do filme não está nas cenas de violência, de um humor negro ferino e delicioso, em que jorra sangue para todos os lados, mas, sim, no fato de intercalar a narrativa que passa na cabeça do roteirista com aquelas que envolvem sua própria vida, o que inclui a linda namorada Kaya (Abbie Cornish). Um dos pequenos episódios mais divertidos é o que mostra possíveis desfechos para a história de um vietnamita (Long Nguyen) que se encontra no quarto de um hotel com uma garota de programa loira (a linda sueca Helena Mattsson). O mesmo pode ser dito da história de um casal de serial killers, cujo prazer é justamente dar cabo de outros serial killers.

Os personagens são muitas vezes próximos da caricatura, mas o que poderia ser um defeito é, na verdade, fundamental e muito bem realizado numa narrativa que mostra o submundo de Los Angeles por meio da luta pela posse de um cachorro, no caso o Shih Tzu do título. Nesse sentido, “Sete psicopatas e um Shih Tzu” se aproxima do universo dos cineastas Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, do roteirista Charlie Kaufman e do jornalista norte-americano Hunter S. Thompson, no que eles tem de mais exagerado e nonsense. Vale a pena prestar atenção também na trilha musical, que mistura de Carl Orff a The Walkmen e Deer Tick, passando por versão de clássico gravado por Cat Stevens; e nas rápidas aparições de, entre outros, Tom Waits e John Bishop.

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