Uma rádio no megafone

Jonas Banhos com seu megafone da rádio Nossa Casa (Foto: Anselmo Massad/Rede Brasil Atual) Os grupos de trabalho haviam acabado de começar suas atividades. A maior parte dos delegados e […]

Jonas Banhos com seu megafone da rádio Nossa Casa (Foto: Anselmo Massad/Rede Brasil Atual)

Os grupos de trabalho haviam acabado de começar suas atividades. A maior parte dos delegados e observadores participavam da leitura inicial das propostas sistematizadas em 15 cadernos. Jonas Banhos, um ribeirinho do rio Macacoari, é retirado por seguranças do hall de entrada do centro de convenções Ulysses Guimarães.

O motivo: Jonas queria fazer uma trasmissão da rádio comunitária em que atua, a Nossa Casa, em plena Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). O problema é que sua rádio comunitária não é convencional, consiste de um megafone.

Um segurança o abraça e conduz até o lado de fora do centro onde ele, aliás, espalhou exemplares de um jornal do ponto de cultura da cidade de Itaubá (AP). Ele veio para a Confecom e se credenciou como jornalista, mas se sentiu excluído do evento por não poder fazer sua cobertura.

“Eu queria entrevistar um engravatado”, disse ao começar as “transmissões”. “Queria falar com alguém que tenha poder para saber como é”, anunciou. Os poucos engravatados que insistem no traje no segundo dia de Confecom estavam nos GTs, disputando propostas e divergindo, divergindo…

“Vamos ver que rumo toma a Confecom, não vai agradar a todo mundo”, prosseguiu. “Aos que ficamos de fora não vai agradar mesmo”, reclamou.

Ele pediu que fosse colocado um telão do lado de fora pra outras pessoas poderem assistir. “Mas tá na internet, eu vi que estão transmitindo. Quer dizer, tentei acessar de manhã e não consegui, mas diz que tá lá”, ironizou.

O Mochileiro do Voluntariado e do Amor, como ele se apresenta em seu blogue, explica que veio a Brasília para mostrar a delegados e observadores os rostos e marcas nos corpos dos que vivemos à beira dos rios da Amazônia. Jonas concedeu a entrevista à Rede Brasil Atual em seu megafone e terminou ouvindo a reportagem.

“Ah, você poderia fazer uma divulgação para os sindicatos, pedir para eles doarem livros para os povos da Amazônia se fosse possível”, pediu. “Quem sabe o pessoal lê isso e ajuda?”, arriscou.