avanço 'extraordinário'

Vannuchi: ‘Montadoras têm gordura e não podem demitir na primeira dificuldade’

Analista político comenta avanços do movimento sindical que garantiram o sucesso do esforço de greve com a readmissão dos trabalhadores da Volkswagen e aponta novos arranjos possíveis

Adonis Guerra/SMABC

Com mobilização e greve, trabalhadores da Volks conseguem reverter 800 demissões anunciadas no fim de ano

São Paulo – O analista político da Rádio Brasil Atual Paulo Vannuchi classifica como ‘extraordinária’ a greve pela readmissão de 800 trabalhadores da Volkswagen em São Bernardo que haviam sido avisados da dispensa no recesso de fim de ano. “Os trabalhadores metalúrgicos do ABC paulista conseguiram se articular, modificaram seu plano de férias com a família, estavam a postos e desencadearam uma greve nos primeiros dias de janeiro, quando aqui no Brasil os jornais repetem todos os dias que o ano só começa depois do carnaval”, analisa Vannuchi.

Vannuchi lembra que mais uma vez, de São Bernardo, que tem importante papel histórico na formação do novo sindicalismo, do PT, da CUT e da luta contra a ditadura, vem o recado de que empresas que muito ganharam recentemente têm “gordura para queimar” e não podem demitir ao primeiro sinal de dificuldade.

Para que a mobilização tivesse sucesso, Paulo Vannuchi destaca o avanços dos sindicatos que têm investido na chamada organização local do trabalho. “Não basta mais aquele sindicato em que a diretoria se reúne na sede e corre para a fábrica quando há uma ameaça, demissões ou problemas graves. O sindicato tem de estar dentro da fábrica na forma de um comitê sindical de empresa.”

O comentarista relata ainda que o sindicato da categoria levou ao governo federal a proposta de aplicar no Brasil uma medida que vem dando certo na Alemanha, um “sistema nacional de proteção ao emprego”.

Nesse sistema, o governo entra com uma determinada parte de recursos, a empresa também e os trabalhadores aceitam ser afastados da fábrica sem ser demitidos, com uma pequena redução nos salários, dentro de um contexto em que a própria empresa, os trabalhadores e governo se unem para viabilizar o retorno pleno.”

Ouça o comentário completo da Rádio Brasil Atual: