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Greve na Scania por reposição de 9,62% chega a uma semana. Empresa oferece 5%

Trabalhadores prometem continuar mobilizados a partir de amanhã (24), e abertos à negociação

edu guimarães/sind.metal.abc

Em assembleia, trabalhadores avaliaram as propostas em negociação antes de decidirem por greve

São Paulo – A greve na fábrica da Scania em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, completa uma semana amanhã (24). O conjunto de 3.300 trabalhadores quer a reposição integral da inflação acumulada nos últimos 12 meses, que registra 9,62% segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

A empresa, no entanto, quer apenas 5% nos salários agora e um abono linear em janeiro – o valor desse abono não é divulgado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para evitar interferências em outras negociações em curso no setor. “Queremos a reposição da inflação já. Estamos mobilizados e abertos à negociação, porque queremos encontrar uma boa solução para esse impasse”, conta Carlos Caramelo, diretor executivo do sindicato e trabalhador da Scania há 25 anos.

Segundo Caramelo, apesar da resistência da empresa em repor a inflação imediatamente, a fabricante de caminhões e ônibus mantém sua posição no mercado e não há previsão de demissões. Entre janeiro e setembro deste ano, conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a Scania vendeu 3.475 unidades no mercado interno, entre caminhões semipesados e pesados e ônibus. No mesmo período, foram exportadas 17.304 unidades, totalizando 20.779 vendas. Por outro lado, a fabricante produziu 44.042 unidades no período. A Scania, de origem sueca, atualmente pertence ao grupo Volkswagen.

Na fábrica de São Bernardo, à beira da Via Anchieta, ocorreu a histórica greve iniciada em 12 de maio de 1978, em plena ditadura civil-militar, momento em que a inflação corroía os salários e os índices eram manipulados pelo governo. Aquela greve, detonada por Gilson Menezes, deu início ao ciclo de paralisações que criaria o Novo Sindicalismo, a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva e o nascimento da CUT e do PT.