Sindicalista critica falta de debate sobre mudanças nos Correios

A presidenta Dilma Rousseff editou em 28 de abril medida provisória que possibilita aos Correios exercer serviços bancários e adquirir ou construir subsidiárias. Federação da categoria cobra 'novo modelo' para empresa

Carteiros em agência de Brasília (DF). Sindicalista quer mais informações sobre planos do governo para a estatal (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil – arquivo)

São Paulo – Os trabalhadores precisariam ter sido envolvidos na discussão sobre a ampliação das funções da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, na opinião de representantes da categoria. Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), a decisão do governo não descarta o risco de privatização. Para a entidade, seria necessário discutir um “novo modelo” para a estatal.

No final de abril, a presidenta Dilma Rousseff editou a Medida Provisória 532, que, além de regulamentar o etanol, altera os três primeiros artigos do decreto-lei de 1969, do estatuto dos Correios, possibilitando atuação no exterior, aquisição de subsidiárias e prestação de serviços de logística e serviços financeiros com banco postal próprio.

Para José Rivaldo da Silva, secretário-geral da Fentect, as mudanças estão sendo consideradas como definitivas, sem a presença dos trabalhadores. “A medida provisória traz um conjunto de mudanças, mas todas afetam diretamente a nós, e nada disso ficou claro e não temos nada de garantido”, reclama. “O debate não foi aberto com os trabalhadores, por mais que a gente defenda a melhoria. A gente quer discutir essas situações com os Correios.”

A federação criticava o governo por “sucatear” a estatal com o intuito de privatizar a empresa, mesmo durante a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Justamente pela falta de informações detalhadas a respeito do futuro, José Rivaldo acredita que o risco continua a existir, mesmo com a contratação de subsidiárias.

Com a ampliação dos serviços e falta de diálogo, os sindicatos temem ainda que funcionários sejam remanejados para outros locais sem negociação prévia. “O nosso medo é que eles transfiram mão de obra com a contratação das subsidiárias. Reivindicamos informações sobre a mobilidade e sobre a própria situação, mas não temos respostas”, declarou José Rivaldo.

Apesar da criação de um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) em 2009, que prometia garantias de debate com os trabalhadores em caso de alterações na empresa, José Rivaldo lamenta a falta de interesse da direção dos Correios em incluir representação legal dos trabalhadores. “Nós queremos ver a empresa passando por transformações e se modernizando, mas também é preciso incluir o trabalhador no processo”, disse.

Nesta quinta-feira (12), representantes da Fentect irão se reunir com parlamentares em Brasília em café da manhã, visando a derrubar a medida provisória e cobrar um novo modelo para os Correios. A presença do presidente da empresa, Wagner Pinheiro, ainda não está confirmada.

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