Em São Paulo

Protesto das centrais pede segurança para trabalhador

Ato marcou Dia em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho, celebrado mundialmente no domingo

Marcelo Camargo/ABr

Manifestantes fizeram alusão às milhares de mortes por acidentes e doenças do trabalho

São Paulo – Centrais sindicais fizeram hoje (26) ato em São Paulo pelo fim dos acidentes de trabalho. O protesto teve início por volta das 9h, em frente à sede da Força Sindical, na Liberdade, e terminou às 12h, em frente à Superintendência Regional do Ministério do Trabalho e Emprego, no centro. A Polícia Militar estimou em 3 mil o número de participantes. Participaram a CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CGTB. O ato marca o Dia em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho, celebrado mundialmente no domingo (28).

O pedreiro Antônio Carlos Carvalho, 40 anos, trabalha há 15 anos na construção civil e acredita que nesse período houve avanços na exigência de equipamentos, mas ainda é comum o descumprimento de normas de segurança, tanto por empresas quanto por funcionários. “Já vi muitos acidentes ocorrerem, mas ainda bem que nenhum com morte. A empresa tem que ficar em cima e o funcionário tem que cumprir. Se não for assim, todo mundo se dá mal”, disse.

A secretária nacional de Saúde do Trabalhador da CUT, Junéia Martins Batista, disse, em nota da central, que é urgente que o trabalhador tome consciência dessa situação e perceba que as grandes responsáveis pelos acidentes e doenças do trabalho são as empresas, que não investem em prevenção, impõem jornadas extenuantes aos empregados e se utilizam de mecanismos altamente prejudiciais à saúde para cobrar o aumento frenético da produção. “A raiz do problema está na organização do trabalho que inclui a má qualidade de ambientes físicos, a forma de organizar as rotinas de trabalho, os mecanismos psicológicos perversos para o atingimento de metas de produção cada vez mais desumanas, o excesso de jornada, entre outros itens”, ressalta.

O secretário-adjunto de Relações de Trabalho da CUT, Eduardo Guterra, diz que o Estado precisa ter mais rigor na fiscalização, autuando essas empresas. “Trata-se de uma medida urgente e primordial para a diminuição dessas ocorrências no Brasil, que têm números cada vez mais alarmantes.”

A data foi instituída por iniciativa de sindicatos canadenses e escolhida em razão de um acidente que matou 78 trabalhadores em uma mina no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, em 1969. No Brasil, em maio de 2005, foi promulgada a Lei11.121, criando o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.

“Reunimos várias categorias, mas a maioria é formada por  trabalhadores da construção civil, que, além de estarem em campanha salarial, enfrentam historicamente essa questão dos acidentes”, afirmou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna. O dirigente disse que o local escolhido para encerrar o ato é simbólico. Para ele, o Ministério do Trabalho deve estar atento às políticas públicas necessárias à diminuição do número de acidentes.

Em todo o mundo, milhões de trabalhadores/as se acidentam e, centenas de milhares, morrem no exercício do trabalho a cada ano. No Brasil, as estatísticas oficiais do Ministério da Previdência demonstram que em 2011 foram registrados 711 mil casos de acidentes de trabalho, com 2.844 mortes de trabalhadores/as  e 14.811 sofreram incapacidade permanente.

Para o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, a redução de acidentes passa pela democratização dos ambientes de trabalho, com a formação de Comissões internas de Prevenção de Acidentes (Cipas). “Algumas são formadas apenas para constar. É necessário fortalecer esses instrumentos para que o trabalhador se comprometa e diga não às condições insalubres”, avaliou.