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Professores da rede estadual paulista querem salário inicial de R$ 2.748

Categoria abre campanha salarial e põe fim das contratações temporárias e jornada do piso entre as prioridades

Jordana Mercado/Apeoesp

Média salarial, comparada à de outros profissionais com nível superior, é 75,33% menor, segundo o Dieese

São Paulo – A ausência de uma política de valorização do ensino está entre as principais preocupações dos professores da rede estadual paulista, que lançaram hoje (28) a campanha salarial da categoria. O ato de lançamento foi uma assembleia em frente à Secretaria Estadual da Educação, na praça da República, centro da capital.

De acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), aproximadamente 40% dos educadores paralisaram atividades nesta sexta, como parte do movimento. A categoria tem outra assembleia marcada para 25 de abril.

Entre as reivindicações, está a equiparação salarial dos servidores com as demais categorias que exigem formação em nível superior. Atualmente, a remuneração média dos educadores com jornada de trabalho de 40 horas semanais, é de R$ 2.422. Segundo levantamento do Dieese, a média salarial de outros profissionais com formação superior equivale a R$ 4.233, uma diferença de 75,33%.

Os professores estaduais reivindicam salário inicial de R$ 2.748,22 para uma jornada de 20 horas e formulação de plano de carreiras que defina regras permanentes de ascensão salarial, entre outras necessidades do magistério. Pedem ainda que os temporários, conhecidos como “categoria O”, tenham os mesmos direitos dos efetivos. Entre as diferenças de tratamento, os temporários não são atendidos atendimento pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe), por exemplo.

“Quando meu filho nasceu eu tive de abonar uma falta, porque não tive direito à licença-paterniade para acompanhar a minha esposa naquele momento. Infelizmente, a categoria “O” só tem pontos negativos”, disse o professor de História João Paulo Carneiro, de Santa Cruz do Rio Pardo.

“A diferença é brutal. Se a condição de quem é efetivo é ruim a do “O” é péssima”, disse a presidenta do Sindicato dos Professoresdo Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Noronha, a Bebel. “Temos de acabar com essa forma de contratação, porque faz com que os jovens não tenham interesse em se tornarem professores e convivemos com uma falta enorme de profissionais”.

Os docentes também pedem a implementação da Lei federal nº 11.738, que determina que 33% da jornada seja destinada para atividades extraclasse.

Pesquisa

Pesquisa encomendada pela Apeoesp e realizada pelo Instituto Data Popular, com a participação de 2.100 pessoas – 700 professores, 700 estudantes e 700 pais e mães de alunos – aponta que a violência nas escolas está entre os principais problemas da rede estadual de ensino (para 32% dos professores, 37% dos pais e 25% dos alunos).

Segundo o estudo, 75% dos alunos são contra a progressão continuada e 46% dos alunos admitem já ter passado de ano sem terem aprendido a matéria. A falta de infraestrutura também se destaca no resultado, para 88% dos alunos faltam bibliotecas, 64% reclamam da falta de projetor e datashow e 28% da ausência de laboratórios.

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“A pesquisa reafirma que modelo que vem sendo implementado há mais de vinte anos pelo governo do estado para a educação já está fracassado”, disse o diretor de Comunicação da Apeoesp, Roberto Guido. Para ele, oferecer melhor infraestrutura para os alunos – com escolas bem equipadas, bibliotecas, laboratórios – somado a uma política de valorização para os profissionais são princípios básicos para uma educação de qualidade e resposta mais contundente para a questão da violência.

“Quando você oferece uma escola pobre, arrefece os ânimos dos estudantes. Para tratar a questão da violência é necessário uma discussão global do ensino que você oferta, porque esse é o caminho e não maior policiamento, grades e câmeras nas escolas. A escola não existe para isso. É um conjunto de coisas, e à medida que a população recebe algo de qualidade ela devolve com qualidade”, avalia Guido.