Paralisação segue

Prefeito de São Bernardo se recusa a negociar. Greve dos servidores chega ao 11º dia

Sindicato dos servidores de São Bernardo do Campo critica falta de diálogo da gestão Orlando Morando (PSDB) com os trabalhadores que cobram reajuste salarial, congelado desde 2017. “Tem funcionários que ganham menos que o mínimo, com salário de R$ 900”, denunciam

TVT/YouTube/Reprodução
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Nesta quarta (5), os servidores de São Bernardo realizaram uma caminhada e um ato em frente à Câmara dos Vereadores, onde criticaram a postura do prefeito

São Paulo – Servidores de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, entraram nesta quinta-feira (6) no 11º dia de greve. Paralisados desde 27 de março, os trabalhadores reivindicam reajuste salarial referente à inflação acumulada entre janeiro de 2017, quando a correção foi congelada, a março de 2023. De acordo com o Sindicato dos Servidores Públicos de São Bernardo (Sindserv SBC) não há previsão quanto à duração da greve. 

A categoria aponta falta de diálogo por parte da gestão do prefeito Orlando Morando (PSDB) que, ainda hoje, não abriu negociações junto aos funcionários públicos quanto ao pedido de aumento. 

Ontem (5), eles realizaram caminhada e ato em frente à Câmara Municipal, onde criticaram a postura do prefeito. “Nós temos história nesta cidade de muita luta. Mas normalmente nós fomos recebidos, pelo menos para dialogar, para ouvir a pauta do servidor, porque a nossa pauta tem significado, sentido e precisa ser respeitada”, destacou a professora Telma Balsanelli Carli em entrevista à repórter Dayane Ponte, do Seu Jornal, da TVT

Servidores com menos que o mínimo

A gestão municipal alega, porém, que o reajuste salarial dos servidores municipais já foi aprovado pela Câmara e entrará em vigor na folha de pagamento deste mês. A correção aprovada, contudo, é inferior ao reajuste de 18,32% cobrado pelos trabalhadores. Pela proposta, enviada pelo Executivo, o ajuste salarial não passa de 11%. A maioria ainda deve ter um reajuste inferior a 10% e, em alguns casos, de 7%. As alterações também foram enviadas à Câmara pela prefeitura apenas no terceiro dia de greve dos servidores, que não foram consultados na tramitação.

“É válido lembrar que nós aqui da rede pública de educação de São Bernardo do Campo, nosso salário, em 2017, estava 57% acima do piso mínimo nacional para a categoria. Hoje, o arrocho é tão profundo, que ele está 6% abaixo do mínimo nacional. Então a nossa perda, de 2017 para cá, está enorme. Por isso que hoje estamos nas ruas. Não é porque queremos, é porque é grave”, justificou a professora Renata Leopoldo. A diretora escolar Talita Rios Zanelato completou que há servidores ganhando menos que o salário mínimo (R$ 1.320). 

“São funcionários que trabalham na limpeza da escola e que ganham salário líquido menor que R$ 900. Esse profissionais não conseguem nem o direito de paralisar porque eles não conseguem arcar com os descontos, as faltas da greve”, lamenta. 

Greve segue

Os servidores também reclamam do vale-refeição e do vale-transporte considerados abaixo do necessário. A reclamação é antiga, mas, de acordo com os servidores, tem sido sistematicamente ignorada pela prefeitura e representantes locais como a deputada estadual e esposa do prefeito de São Bernardo, Carla Morando (PSDB), que negou na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) a existência da greve. 

“Hoje eu vim aqui para mostrar para ela que não tem 100 pessoas. Tem aqui milhares de pessoas na ruas e em greve em São Bernardo do Campo”, rebateu o deputado estadual Carlos Giannazi (Psol). 

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