Precisamos de mais trabalhadores e menos organizações, afirma dirigente

Secretário-geral da CSA pede 'sintonia de ação' das entidades para discutir modelo de desenvolvimento da América Latina; segundo ele, aprofundamento da democracia só é possível 'com governos progressistas e de esquerda'

São Paulo – O secretário da Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadores das Américas (CSA), Victor Báez, defendeu uma reformulação do movimento sindical que permita atrair mais trabalhadores, sem que se criem mais entidades. “Queremos mais trabalhadores organizados e menos organizações”, afirmou, em seminário realizado na tarde desta sexta-feira (30) no Memorial da América Latina, em São Paulo, como parte das comemorações do Dia do Trabalhador.

De acordo com o dirigente, o movimento sindical das Américas está mais desenvolvido em duas regiões: extremo sul (Brasil, Argentina e Uruguai) e extremo norte (Estados Unidos e Canadá), com a diferença de que nos países do sul prevalece a organização por categoria e nos demais, por empresa. “E muitas dessas empresas têm muito mais que um sindicato.”

Segundo o paraguaio, não adianta a quantidade se não houver uma “sintonia de ação”. “Esse é o desafio para se analisar as perspectivas dos trabalhadores (da América Latina). Quando falamos de integração regional, estamos falando de um modelo de desenvolvimento.”

Como exemplo, ele citou a reunião marcada para a semana que vem, em Madri, entre a CSA e a CES (Confederação Europeia de Sindicatos), para discutir a 6ª Cúpula América Latina/Caribe-União Europeia. Para Báez, os trabalhadores devem estar atentos em relação às prováveis propostas de livre comércio por parte da União Europeia. “O lobby europeu, que não é em Washington, mas em Bruxelas, quer importo o mesmo conteúdo (de acordos como o Alca). Não temos de aceitar dos europeus o que já rejeitamos dos Estados Unidos”, defendeu.

“O direito dos trabalhadores e trabalhadoras não depende do conteúdo das leis e da convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho), mas do modelo social, ambiental e econômico de nossos países”, acrescentou o dirigente. “O aprofundamento da democracia só é possível com governos progressivas ou de esquerda. E o movimento sindical internacional tem a sua candidata aqui no Brasil”, disse Baéz. “Um governo de direita será o retrocesso. Sabemos qual é a importância do Brasil no continente e no mundo”, afirmou, acrescentando que a luta do movimento sindical brasileiro pela redução da jornada para 40 horas semanais será um modelo para os trabalhadores da América Latina e de todo mundo.