Operários da usina de Santo Antônio voltam ao trabalho

Sem comunicar sindicato e trabalhadores, a Odebrecht diminuiu a jornada dos turnos com redução de salários. Operários do turno da noite decidem logo mais se também retomam as atividades

São Paulo – Os operários do turno da manhã da construção da usina hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, decidiram em assembleia retomar o trabalho nesta segunda-feira (31). Eles protestavam desde a última sexta (28) contra a imposição da redução dos turnos, por garantia do pagamento de horas extras e melhores condições de trabalho. A Odebrecht, empresa que realiza a obra, aceitou negociar as reivindicações. O turno da noite ainda vai decidir, em assembleia, se volta ao trabalho.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil em Rondônia (Sticcero), as mudanças sobre a jornada de trabalho não foram comunicadas aos trabalhadores nem ao sindicato, e seriam uma tentativa de driblar acordo firmado em abril. Uma das alterações seria no horário noturno. Os operários (cerca de 500 em cada turno), que entram originalmente às 17h30, passariam a entrar às 18h30 e sair às 3h, com redução no salário. A empresa cedeu diante da pressão e manteve o horário normal.

Os trabalhadores também protestaram contra o corte de horas extras de trabalho aos sábados e domingos, que indignou aos que já contavam com o acréscimo ao salário. Para eles, a empresa poderia ter comunicado a mudança e dado um prazo para adaptação. Insatisfações recorrentes, como a promoção de cargo sem aumento de salários, também foram apontadas. Alguns pedreiros estariam realizando outra função, sem ganhar a mais por isso.

A Odebrecht prometeu o pagamento normal das horas extras cumpridas, tal como o não corte da cesta básica de quem for afastado por doença. Pontos como a melhoria da alimentação oferecida nos canteiros e atenção à segurança para afastar riscos de acidentes também serão revistos pela empreiteira.

A Sticerro informou que deve fiscalizar as obras para registrar as reclamações dos trabalhadores e apontar irregularidades. Cláudio Gomes, presidente da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção (Conticom), lembra ainda que o processo de negociação com a Odebrecht já visa a campanha salarial da categoria, com data-base em 1º maio.

“Precisamos fazer as assembleias, levantar a pauta de negociação, apresentar à empresa e, se ela não atender, aí vamos mostrar o poder que temos para cobrar. Seguindo essas regras, podemos ficar em greve o tempo necessário que não poderão dizer que não estamos dentro da lei”, disse.