São Paulo – O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC) conseguiu a criação de uma mesa de negociação para debater a continuidade da fábrica da Toyota em São Bernardo do Campo. O comunicado foi feito durante assembleia na manhã desta segunda-feira (11), após audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), em Sã Paulo.

A assembleia também aprovou o retorno aos postos de trabalho já a partir de hoje. Para o presidente do sindicato, Moisés Selerges, a decisão da Justiça atendeu pedido da entidade e a decisão de retorno à atividade foi “soberana”. “Os trabalhadores seguiram a orientação da Justiça de retornar ao trabalho e entenderam a vitória desta primeira fase. Queremos agora que nesta mesa de negociação tenhamos junto ao Sindicato e a empresa a participação do município, do Estado e o acompanhamento da Justiça do Trabalho. Queremos sentar, conversar e desenvolver alternativas”, disse Moisés. 

A audiência de conciliação foi realizada após a Toyota entrar com ação contra a mobilização dos trabalhadores, depois da entrega do aviso greve na última quarta-feira (6). A decisão judicial também assegurou que os protestos e manifestações ocorridos dos dias 6, 7 e 8 de abril não serão descontadas dos salários.

Futuro da Toyota

Na última terça-feira (5), o Sindicato dos Metalúrgicos foi surpreendido pelo anúncio de que a montadora decidiu encerrar as atividades da fábrica em São Bernardo. A unidade, que é a primeira planta da empresa fora do Japão, foi fundada em 1962 e atualmente emprega 580 trabalhadores. A empresa alega “otimização de custos” e que planeja transferir toda a produção da sede do ABC paulista para as três fábricas que mantém no interior de São Paulo: Porto Feliz, Sorocaba e Indaiatuba. Como resposta, na quarta-feira os trabalhadores aprovaram a entrega do aviso de greve e o estado permanente de mobilização contra o fechamento.

O diretor administrativo do sindicato Wellington Messias Damasceno afirmou que a Justiça reconheceu a posição coerente do Sindicato desde o anúncio da montadora. Em seu ponto de vista, o órgão compreendeu que a entidade sindical está propondo caminhos alcançáveis, ao contrário da empresa que apresenta uma postura intransigente, inclusive na própria Justiça. “A empresa se mostra intransigente e que não abre espaço para fazer a negociação, diferente de todo o histórico que tem. A Toyota instaurou o dissídio, nós fomos lá e colocamos o posicionamento de que se abra uma mesa de negociação. Não pedimos nada demais. Só queremos discutir a viabilidade da empresa. O sindicato sempre buscou a negociação.”

Ainda nesta segunda-feira a direção do sindicato terá reuniões com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado e com o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando.