em greve

Para Sindicato dos Bancários de São Paulo, negociação esbarra na ganância dos banqueiros

Presidenta da entidade afirma que a categoria, em greve a partir desta terça, não vai se conformar com a proposta de aumento real menor que 1% num setor em que o lucro líquido cresceu 16,5% em um ano

Fernando Zamora/Futura Press/Folhapress

Juvandia Moreira acredita que proposta da Fenaban é muito menor do que os bancos podem pagar

São Paulo – A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, afirmou hoje (30) que a principal dificuldade encontrada nas negociações com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) é a “ganância” dos bancos. “Não é possível que um setor tão lucrativo não tenha condições de resolver a greve com aumento real, valorização do piso da categoria”, afirmou. Greve iniciada nesta terça-feira pela categoria já paralisa a maioria das agências na região central da capital paulista. A paralisação é nacional. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), a greve foi aprovada nas bases de todas as regiões do país.

Os bancários reivindicam reajuste salarial de 12,5% (6,35% de reposição da inflação e 5,8% de aumento real), auxílio creche, vales alimentação e refeição no valor de um salário mínimo cada (R$ 724), piso salarial universal de R$ 2.979.25 e participação nos lucros ou resultados (PLR) equivalente a três salários mais R$ 6.247.

Atualmente, a categoria recebe vale-refeição de R$ 509,96, vale-alimentação de R$ 397,36 e PLR igual a 90% do valor do salário, acrescida de bonificação fixa R$ de 1.694, com parcela adicional de 2,2% do lucro líquido dividido igualmente entre os trabalhadores.

O piso é dividido em duas categorias, sendo R$ 1.648,12, para escritório, e R$ 2.229,05, para caixa. E o auxílio-creche é de R$ 330,71, para quem tem filhos até 5 anos e 11 meses, e R$ 282,91, para crianças até 6 anos e 11 meses.

Na oitava e última rodada de negociação, realizada no sábado (27), a Fenaban apresentou proposta de 7,35% de reajuste salarial (0,94% de ganho real), vale-refeição de R$ 547,36, vale-alimentação de R$ 426,60, auxílio-creche de R$ 355,02 na primeira faixa e de R$ 303,70 na segunda. Os pisos, com aumento de 8%, ficariam em R$ 1.779,97 para escritório e R$ 2.403,60 para caixa.

“Estamos negociando há quase dois meses e a proposta que veio dos bancos é de um aumento real menor que 1%. É menos do que outras categorias tiveram no primeiro semestre. E menos do que os bancos podem pagar”, defendeu Juvandia.

Juvandia ressaltou que, no primeiro semestre deste ano o lucro líquido dos cinco maiores bancos comerciais – Banco do Brasil, Itaú, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Santander foi de R$ 28 bilhões, um aumento de 16,5% sobre igual período do ano passado. Em 2013, estas instituições fecharam o ano com lucro de R$ 57,7 bilhões.

Além de questões econômicas, a categoria exige o fim das metas abusivas e das demissões. Nos últimos 12 meses, apesar dos bons resultados, somente a Caixa contratou. O Santander cortou 2.942 postos de trabalho, o Bradesco, 2.924; o Banco do Brasil, 2.173, e o Itaú, 639. Segundo os bancários, em 1996 cada trabalhador era responsável, em média, por 83 contas correntes. Hoje são 334.

Outro problema para os trabalhadores é a segurança. Somente no primeiro semestre deste ano foram registrados 403 assaltos a agências, inclusive com sequestro de bancários e vigilantes, e 1.290 arrombamentos. A categoria reivindica uma política de melhoria da segurança nas agências. A reivindicação é rechaçada pela Fenaban, que afirma ser este uma responsabilidade do poder público.

No fim do dia, o sindicato deve apresentar um balanço do primeiro dia de greve. A presidenta espera que a mobilização cresça nos próximos dias. “Os trabalhadores estão cansados dessa situação e da falta de disposição dos bancos para o diálogo”, disse Juvandia.