Sob pressão

Fetec-CUT lança campanha de sindicalização e revela dados sobre o trabalho dos bancários

Em evento que destacou a importância de sindicatos fortes e combativos, estudo revelou que 35% dos bancários fazem uso de medicamentos controlados e mais de 76% têm dificuldades pessoais

Divulgação/SPBancários
Divulgação/SPBancários
Mais dados: 74% dos participantes são favoráveis à regulamentação da internet; 71% consideram a taxação de grandes fortunas como algo muito importante; 63% defendem o fim da isenção de impostos pagos a acionistas

São Paulo – A Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito de São Paulo (Fetec-CUT/SP) promoveu no último sábado (29) a 25ª Conferência Estadual no sábado (29), que definiu os 214 delegados que representarão o estado na Conferência Nacional dos Bancários. O evento está agendado para ser realizado entre 4 e 6 de agosto na capital paulista. A Fetec-CUT/SP congrega 14 sindicatos, incluindo o dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região (SPBancarios), maior da categoria no país. Durante a conferência, a Fetec-CUT/SP lançou a campanha de sindicalização para o ano de 2023 e revelou dados preocupantes sobre a saúde mental da maioria dos trabalhadores.

Os resultados de consulta nacional realizada com os bancários, com foco no estado de São Paulo, revelam dados relevantes sobre as condições pessoais e de trabalho desses profissionais. Constatou-se que 35% dos bancários que participaram da pesquisa fazem uso de medicamentos controlados. Além disso, 76% relataram sofrer com preocupações constantes relacionadas ao trabalho, cansaço e fadiga persistentes, desmotivação e vontade de não ir trabalhar, bem como dificuldade para dormir, mesmo aos finais de semana.

Entre outros pontos levantados, 46% dos entrevistados defendem uma maior participação dos bancários na definição das metas, enquanto 36% desejam que as metas considerem critérios como porte da unidade, região, número de empregados e carteira de clientes.

A consulta também apontou outras questões relevantes. Por exemplo, 74% dos participantes são favoráveis à regulamentação da internet; 71% consideram a taxação de grandes fortunas como algo muito importante; 63% defendem o fim da isenção de impostos pagos a acionistas; e 81% consideram de grande importância a isenção do Imposto de Renda sobre a participação nos lucros ou resultados (PLR).

Desafios constantes

A recém-eleita presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Neiva Ribeiro, destacou os desafios enfrentados pela categoria e pela classe trabalhadora no contexto atual. Ela ressaltou a necessidade de debater o avanço tecnológico e como isso pode beneficiar os trabalhadores, além de promover maior presença feminina no setor de tecnologia da informação dos bancos. Neiva também enfatizou a importância de ampliar a atuação nas redes sociais e aprimorar a comunicação para alcançar a classe trabalhadora, enfrentando narrativas de ódio, fake news e misoginia, ao mesmo tempo em que se organiza em torno das pautas que interessam aos trabalhadores.

Pautas da categoria

Já a ex-presidenta da entidade, Ivone Silva, enfatizou a necessidade de aprofundar o debate sobre a redução da jornada de trabalho, com a implantação da semana de quatro dias de expediente, a fim de garantir que os trabalhadores possam se beneficiar dos avanços tecnológicos. Ivone também ressaltou o comprometimento da categoria bancária com questões fundamentais, como o combate à violência contra a mulher e a busca pela igualdade de oportunidades.

Além disso, a dirigente defendeu a discussão sobre a ampliação da diversidade no ramo financeiro, incluindo mais pessoas negras e negros, bem como a representação sindical dos trabalhadores do setor.

Por sua vez, a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, enfatizou a importância de fortalecer a negociação coletiva para representar todos os trabalhadores. Isso inclui aqueles que não possuem carteira assinada.

Ela ressaltou que um movimento sindical forte é essencial para a democracia. Juvandia também defendeu a necessidade de uma reforma tributária mais justa, que taxe as grandes rendas e fortunas, incluindo os lucros e dividendos recebidos por banqueiros, a fim de investir na saúde e educação públicas. Ela ressaltou a importância de manifestações nas ruas para alcançar essas mudanças necessárias.