Entidades e parlamentares pressionam por negociação entre bombeiros e governo

OAB-RJ considera reivindicação da categoria 'justa' e 'legítima'. Deputados estaduais defendem criação de frente na Assembleia Legislativa para discutir situação

Bombeiros em frente a Alerj (Foto: Alex Ribeiro/Folhapress)

São Paulo – Parlamentares e entidades se uniram à causa dos bombeiros do Rio de Janeiro, em campanha salarial desde abril. Após o confronto do final de semana, em que 439 profissionais foram presos após invasão de um quartel, deputados estaduais decidiram criar uma frente parlamentar em defesa da categoria e prometem frear as pautas da Assembleia Legislativa (Alerj), caso os bombeiros detidos não sejam soltos.

Cerca de 150 bombeiros continuam em vigília nas escadarias da Assembleia em solidariedade aos colegas, com faixas pedindo por “socorro” e críticas ao governador Sérgio Cabral (PMDB), que classificou os grevistas como “vândalos e irresponsáveis”. Diversos outros protestos ocorrem pela cidade, como em Campo Grande (zona oeste do Rio) e na Penha (zona norte), em que dezenas de bombeiros ocuparam faixas de avenidas em passeata em sentido aos quartéis dos bairros.

A situação dos militares será discutida em reunião marcada para esta tarde, no gabinete do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). “Estamos criando uma frente parlamentar em defesa do Corpo de Bombeiros. Vamos brecar a pauta da Assembleia a semana inteira, enquanto os bombeiros não forem soltos”, disse Freixo.

O presidente da seção fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Wadih Damous, também deve participar da reunião. “As reivindicações dos bombeiros são justas e legítimas. Os vencimentos da categoria são, reconhecidamente, aviltantes e devem ser reajustados imediatamente”, defendeu. Damous considera a atitude de Cabral “instransigente” por se recusar há meses a negociar: “Contribuiu decisivamente para a radicalização do movimento”.

A partir de quarta-feira (8), bombeiros de outras regiões seguirão em caravanas para se solidarizar com os militares presos no Rio. O presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (DF), deputado distrital Patrício (PT), insiste na necessidade da negociação por parte do governo fluminense. “Em todos os estados onde houve manifestação de policiais e bombeiros aconteceram prisões, a exemplo do Rio de Janeiro. Mas, em todos os casos, o governador teve que voltar atrás. Porque esta não é mais uma questão do Rio, é uma questão do Brasil”, observou o deputado brasiliense.

Os manifestantes vinham realizando protestos na região central do Rio desde o final de abril, quando os pedidos por aumento do salário-base de R$ 950 para R$ 2 mil e condições básicas para a rotina dos bombeiros salva-vidas – como protetor solar e óculos de sol – foram rejeitados pelo governo.

Com informações da Agência Brasil